Por Nilson Montoril
Em 1939, entre os novos Oficiais de Marinha que concluíam o curso da Escola Naval se encontrava ANNIBAL BARCELLOS, um jovem nascido a 10 de julho de 1918, na cidade de Campos dos Goitacases, importante pólo açucareiro do Brasil desde os tempos coloniais e atualmente rotulada como a capital do açúcar e do petróleo. Convicto de que sua satisfação profissional só seria encontrada na Marinha do Brasil, Annibal Barcelos inscreveu-se no exame de admissão ao curso de Comando da Escola Naval, em 1954,obtendo a almejada aprovação. Iniciou o mencionado curso em junho de1955, concluindo-o em dezembro de mesmo ano. De junho de 1958 a março de 1959, Barcellos destacou-se no Curso Superior de Comando da Escola de Guerra Naval. Iniciou suas atividades profissionais como Oficial do Encouraçado São Paulo. Também atuou no Navio Auxiliar Vital de Oliveira, na Base de Navios Mineiros e no Comando da Defesa Flutuante do Porto do Rio de Janeiro. Pouco tempo depois assumiu o posto de Comandante nos rebocadores Wandenkolk e Laurindo Pitta, no navio Hidrográfico Lahmeyer, no aviso de guerra Mário Alves, nos contratorpedeiro Benevente e Greenhalgh, no navio-transporte Barroso Pereira. Em terra, continuou a ser distinguido para assumir novas e relevantes missões, inclusive em Belém, tanto na Escola de Marinha Mercante como no Serviço de Material do 4º Distrito Naval. Um de seus últimos trabalhos na ativa ocorreu na condição de titular do Comando Naval de Brasília, que ele ajudou a instalar. O desprendimento, a vocação perene para desempenhar novos desafios e a rígida disciplina, credenciaram Annibal Barcellos a exercer funções de destaque no Conselho de Segurança Nacional. Foi transferido para a reserva remunerada em 29 de abril de 1969, no posto de Capitão de Mar e Guerra, computando 40 anos e seis meses de efetivo serviço a Marinha de Guerra do Brasil. Na vida civil o Comandante Barcellos foi Diretor do Ensino Profissional Marítimo da CRONIN-Consultores Técnicos Ltda., Supervisor do Ensino Profissional Marítimo da Diretoria de Portos e Costas, Diretor de Administração e Finanças da Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro, Presidente do Conselho Fiscal da Companhia de Transportes Coletivos do Rio de Janeiro e Diretor do Departamento Esportivo do Clube Naval.
O Comandante Annibal Barcellos, como governador do Território Federal do Amapá, concedendo entrevista coletiva à Imprensa |
Com o advento da Revolução Militar de 1964, dois Generais do Exército governaram o Amapá: Luiz Mendes da Silva e Ivanhoé Gonçalves Martins. A partir de 1967, a nomeação dos governadores dos Territórios Federais passou a levar em conta a localização de cada unidade federada. Assim, o Exército indicaria o gestor de Rondônia, a Aeronáutica o governador de Roraima e a Marinha respaldaria o governador do Amapá. No dia 4 de novembro de 1967, o capitão de mar e guerra José Lisboa Freire tomava posse como governador do Território do Amapá, substituindo o general Ivanhoé. Com a posse do General João Batista Figueiredo na Presidência da República, o Almirante Maximiano da Fonseca foi guindado ao cargo de Ministro da Marinha. Ele estivera em Macapá, no período de junho de 1952 a abril de1953, comandando o navio hidrográfico Rio Branco por ocasião do balizamento do Canal Norte do Rio Amazonas, e sabia que o Amapá estava precisando do dinamismo de um homem afeito às ações estruturantes e desenvolvimentistas. Não titubeou em indicar o Comandante Annibal Barcellos para governar o então Território Federal do Amapá.
O Ministro da Marinha Maximiano da Fonseca e o Governador Annibal Barcellos em visita à Fortaleza de Macapá-1980 |
Além de ser contemporâneo de Annibal Barcellos, o Ministro Maximiano da Fonseca levou em conta a brilhante trajetória profissional do amigo como Comandante, inclusive do Comando Militar de Brasília. A posse de Barcellos aconteceu no dia 15 de março de 1979, em substituição ao também capitão de mar e guerra Arthur Azevedo Henning. A cidade de Macapá e o interior amapaense voltaram a sentir o surto de progresso já experimentado em gestões anteriores, principalmente na época dos governadores Janary Gentil Nunes e Ivanhoé Gonçalves Martins. O Comandante Barcellos desenvolveu importantes projetos no campo educacional, esportivo, de obras, de eletrificação, de saúde, de ação social e político. Ele foi bastante criticado quanto deu inicio as obras da Assembléia Legislativa, do Tribunal de Contas, do Centro Cívico, do Banco do Amapá e outras sobejamente necessárias para a efetiva existência de um Estado. Deixou o governo em 20 de julho de 1985. Em 1986, elegia-se Deputado Federal. Em 1990, com 65% dos votos foi eleito o 1º governador do Estado do Amapá. Também em decorrência de eleições assumiu o cargo de Prefeito (1997/2000) e de vereador (2004/2007). Atualmente era o Ouvidor Geral da Prefeitura de Macapá. O Amapá teve até agora 26 governadores efetivos, sendo 19 na condição de Território Federal e 6 como Estado. Annibal Barcellos foi o único a dirigi-lo nas duas fases. O ilustre militar e político Annibal Barcellos faleceu em Macapá, na madrugada do dia 14/8/2011, aos 93 anos de idade. Satisfazendo a sua vontade, a família fará seu sepultamento em Macapá, na tarde de hoje, 16/8/2011. O féretro sairá do prédio da Assembléia Legislativa, onde seu corpo foi exposto à visitação pública desde a tarde de domingo. Neste aspecto ele suplantou Janary Nunes, que também desejou ser enterrado em solo amapaense, mas está inumado no Rio de Janeiro. A passagem de Barcellos pelo Amapá fixou na memória dos amapaenses um boné azul e o número 25.
A Senhora Mariinha Barcellos e seu esposo, Comandante Annibal Barcellos, foto de 1979 |
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