quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

PRIMEIRA SELEÇÃO AMAPAENSE DE BASQUETEBOL

Na pista do velho aeroporto da Panair do Brasil, em Macapá, a delegação amapaense de Basquete Juvenil com tripulantes do avião Douglas DC 3, do Correio Aérea Nacional/FAB. Em pé, da esquerda para a direita: Ary Coutinho, Paulo Farias,Uriel Araújo,José Aymoré,Marivaldo Monteiro,Edilson Borges de Oliveira, o comandante e o co-piloto da aeronave, José Maria Souza,José Tavares de Almeida, Antônio Tavernard e o sargento Irineu da Gama Paes.Agachados: Eládio Braga,Leandro Costa, Clóvis Mascarenhas, Antenor Epifânio Martins, Dr. Corinto Silva e Victor Santos(que jogava basquete mais tinha idade acima do permitido).


        Participaram do VII Campeonato Brasileiro de Basquete Juvenil, realizado na quadra da Fênix Caixeiral Cearense, em Fortaleza, em julho de 1954, as equipes representativas de São Paulo, Ceará, Amapá, Pernambuco, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Norte. A delegação do Território Federal do Amapá seguiu para Fortaleza na manhã do dia 11 de julho de 1954, a bordo de um avião DC 3, do Correio Aéreo Nacional, gentilmente cedido pelo Comando da Aeronáutica sediado em Belém, com escalas para reabastecimento em São Luiz e Terezina. Comandava a delegação o macapaense Edílson Borges de Oliveira, Oficial de Gabinete do Governo Territorial, que também jogava futebol pelo Esporte Clube Macapá. Os demais componentes eram: Sargento Irineu da Gama Paes (técnico), Antenor Epifânio Martins (assistente técnico), Corinto Silva (médico), Prof. Gabriel de Almeida Café (representante da imprensa) e os seguintes atletas - Eládio Braga (Amapá), Uriel Araújo (Macapá), José Aymoré (Amapá), Leandro Matos Costa (Amapá), Ary Coutinho (Amapá), José Tavares de Almeida (América), Marivaldo Monteiro (Macapá), Clóvis Mascarenhas (Macapá), Antônio Tavernard (Macapá), Paulo Vinicius Farias (Amapá), José Maria Souza (Macapá). O atleta Lindoval Peres foi convocado e chegou a concentrar na Escola Industrial de Macapá, mas sua genitora não permitiu que ele viajasse devido ao fato do mesmo ser menor de idade. Para poder participar do certame nacional, a recém criada Federação Amapaense de Basquete, cujo presidente era o tenente Glicério de Souza Marques, organizou um torneio relâmpago com a participação do Amapá Clube, Esporte Clube Macapá, América Futebol Clube e Atlético Latitude Zero. O Atlético Latitude Zero sagrou-se campeão e recebeu o troféu denominado “Dr. Hildemar Pimentel Maia”.  Dentre os atletas convocados, que então integravam outras equipes, encontravam-se Paulo Farias e Uriel Araújo que defenderam as briosas cores do Atlético Latitude Zero no torneio. Na capital alencarina a delegação do Amapá ficou hospedada na Escola Industrial do Ceará, realizando seus treinamentos nas quadras do Náutico Atlético Cearense,campeão de 1952, e do Maguary Clube.O Náutico era a base do escrete alencarino.
Primeiro prédio da Fênix Caixeiral Cearense onde foi desdobrada a programação do VII Campeonato Brasileiro de Basquete Juvenil. Na década de 1950, o imóvel foi demolido, surgindo uma edificação mais ampla e elevada que atualmente abriga o Instituto Nacional de Previdência Social/SUS.( www.ceara.pro.br/fortaleza/Predios/dsc-fenix11.htm)

Paulo Farias, hoje residindo em Belém, não lembra com precisão quando o campeonato teve inicio, acreditando que tenha sido no dia 18 de julho, um domingo e concluído dia 23. Os jogos entre as seleções aconteceram no período noturno e o certame de lance livre pela manhã, ambos na quadra do Fênix Caixeiral. No dia 22 de julho de 1954, uma quinta feira, foi realizado o Campeonato Brasileiro Juvenil de Lance Livre e cada delegação inscreveu cinco atletas. A seleção Amapaense foi representada por Paulo Vinicius Farias, Clóvis Mascarenhas, José Maria Souza, Uriel Sales de Araújo e José Tavares de Almeida. Cada atleta teve direito de fazer 20 arremessos. No geral, cada seleção poderia computar 100 pontos. A classificação final foi a seguinte:
Os dois primeiros senhores de terno branco eram desportistas cearenses.Depois deles vemos: Ary Coutinho(ao fundo),Marivaldo Monteiro,José Aymoré,ao fundo o Uriel Araújo, Dr. Corinto Silva, Edilson Borges, representante do governo do Ceará, José Maria Souza,ao fundo desportistas cearense, Leando Matos Costa, Paulo Vinicius Farias Eládio Braga
 1º Lugar - Federação Paulista             2º Lugar – Federação Cearense                                     
    José Carlos Meblinj       19 pontos       Djacir Lima             15  pontos                   
    Waldemar Blaujkauskas 17 pontos       Newton Farias         14  pontos                              
    Pindaro Zebinatti            16 pontos       Nelber Castro         14  pontos                            
    Adalberto Gonçalves      13 pontos       Fernando Pinto        13  pontos
    Luiz Braga                      12 pontos      Antônio Freitas Filho12  pontos
                              Total     77 pontos                         Total     68 pontos                                  

  3º Lugar – Federação Pernambucana  4º Lugar – Federação Metropolitana
  Adalberto Medeiros Júnior 17 pontos      Luiz Liberato Cabral        16 ponto                    
  Zeudo Silva                       16 pontos      Guilherme Severino Júnior 13 pontos
  Giovani Silva                      13 pontos     Almir Barcelar                   13 pontos
  Ruy Oliveira                       11 pontos      José Silva e Silva              12 pontos
  Isac Schcolmik                   10 pontos      Edson Elias dos Santos     10 pontos
                                  Tota   67 pontos                                 Total     64 pontos

 5º Lugar – Federação Mineira               6º Lugar – Federação Amapaense
     Moisés Blás                    14 pontos       Paulo Farias                       18 pontos
     Leonardo Ribeiro            13 pontos      Clóvis Mascarenhas           11 pontos
     Gastão Câmara               13 pontos       José Maria Souza              10 pontos
     Abílio Veiga                    12 pontos       Uriel Araújo                        8 pontos
     Rômulo Costa                 10 pontos       José Tavares de Almeida     6 pontos
                            Total         62 pontos                                Total         53 pontos

          7º- Lugar - Federação do Rio Grande do Norte                                                               
                Roberto Siqueira          13 pontos              
                Jessênio Lima               10 pontos                   
                Moisés M. Filho             8 pontos        
                Edson Carvalho              7 pontos
                José Oliveira                   6 pontos
                                   Total          47 pontos

                                                               Colocação Individual     
                                           
           Campeão – José Carlos Mebling (São Paulo)                                        
           19 pontos- Medalha de Vermiel e Diploma de Honra ao Mérito
                                         
           Vice Campeão - Paulo Vinicius Farias (Amapá)                                                                        
           18 pontos - Medalha de Prata)

           3º Lugar - Adalberto Medeiros (Pernambuco)                                              
           17 pontos ( medalha de bronze)     

                                                 Classificação por Federação
   Federação Mineira de Basquetebol - Medalha Vermeil e Diploma de Honra ao Mérito
   Federação Paulista de Basquete      - Medalha de Prata
   Técnico da Federação Mineira        - Medalha de Vermeil e Diploma de Honra ao Mérito



Em pé: Eládio Braga, Uriel Sales de Aáujo,José Aymoré, Leandro Matos Costa,Ary Coutinho,José Tavares de Almeidae o técnico Irineu da Gama Paz.Agachados: Marivaldo Monteiro,Clóvis Mascarenhas,Antônio Tavernard, Paulo Vinicius Farias e José Maria Souza, o Zezinho.
                O primeiro edificio da Fênix Caixeiral Cearense demorava no Centro Histórico de Fortaleza, à Rua 24 de Maio, na esquina dessa via pública com a Praça José de Alencar. O imóvel foi vendido em 1979, e a instituição mudou-se para a Avenida Imperador, 336, entre as ruas Liberato Barroso e Pedro Pereira, agora identificada como Colégio Fênix Caixeiral. Já não é mais a famosa sociedade beneficente e cultural de outras épocas quando congregava contadores,despachantes da alfandega,corretores,leiroeiros,empregados de bancos e outras classes trabalhadores.Em 1952, o governador do Estado do Ceará era Raul Barbosa. Ele apoiou incondicionalmente a realização do certame que foi organizado pela Confederação Brasileira de Desportos.A Confederação Brasileira de Volei foi fundada a 16 de agosto de 1954.O ex-jogador Denis Rupet Hathaway ocupou a presidência entre 15/3/1955 a 15/2/1957.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

ALICE GORDA, RAINHA MOMA DO AMAPÁ.

                      

        Por Nilson Montoril

Sempre alegre e sorridente, a Rainha Moma do Amapá irradiava simpatia. Sua atuação no carnaval amapaense foi fundamental para a formação de uma geração bastante criativa. Para ela, a maior virtude que uma ser humano pode ter é a amizade cincera e desinteressada. Alice foi fiel a seus amigos,mas a maioria deles lhe virou as costas em momentos criticos.


               No Setentrião do Brasil viveu uma rainha: a maravilhosa Alice Guedes de Azevedo. Seu reino era o império da alegria, da pândega e da roseta. O tributo devido por seus súditos correspondia a um simples sorriso. Sem ter apego a bens materiais, a rainha Alice não tinha fortuna, nem cetro de brilhantes ou coroa de ouro. Em reconhecimento ao amor que ela nutria pelo carnaval, a soberana vontade do povo lhe deu um trono e o direito de ofuscar, por um breve período de tempo, o brilho dos poderosos. Se o seu reino tivesse um primeiro ministro, ele seria o FALCONIERE, o “Cavaleiro do Samba” que assegurou sua sagração como Rainha Moma. Seu fiel escudeiro, O Rei Momo SACACA, preferia chamá-la de Madrinha e jamais pretendeu ser mais importante que ela. Nem o passista campeador “SUCURIJU” se encheu de vaidades ao substituir o Rei Sacaca quando este foi guindado à esfera celeste para alegrar a corte dos Querubins. O quarteto aqui mencionado despontou para a folia carnavalesca no bairro moreno da cidade, onde surgiu triunfante a “Ordem dos Foliões da Orgia e do Samba”, eternizada entre nos como Boêmios do Laguinho. Foi neste reduto onde impera a cor do ébano que a Alice Gorda começou sua jornada carnavalesca na Província dos Tucujú. Cativante e conciliadora, a Rainha Alice Gorda estendeu sua simpatia pelos Cantões Maracatu, Piratão, Piratinha, Cegonhas, Embaixada, Felicidade, Solidariedade, Unidos do Buritizal, Império do Povo, Quilombo dos Palmares, Unidos do Amapá e pelos Condados Reunidos da Liba, da Abloca e da Banda.

Esta fotografia mostra a Alice sem a robustez ecessiva que progressivamente foi limitando sua mobilidade. Porém, mesmo quando enfrentou dificuldades para sair de casa e honrar seus compromissos contou com a colaboração de vários amigos. Como ela não admitia que lideres da Banda barganhassem vantagens para si e familiares foi tida como chata e inoportuna. Por esta razão, acabou ficando à margem da condução do grande arastão do povo.

              Antes de vestir os trajes reais, Alice tinha predileção pela fantasia de ARLEQUIM, evidenciando o vermelho e o branco. Por gostar do branco e do vermelho apaixonou-se pela Escola Acadêmicos do Salgueiro, do Rio de Janeiro. Foi por influência desta entidade carnavalesca carioca que a Escola de Samba Boêmios do Laguinho também se vestiu de alvi-rubro. Com este traje secular brincou descontraidamente enquanto o excesso de peso ainda não havia prejudicado sua mobilidade. Sempre foi apaixonado pelas festas populares que fazem a riqueza folclórica do nosso país. Entretanto, o carnaval, foi o maior encantamento de sua vida. Se não dava para caminhar, a Alice se conformava em ficar sobre o capô do motor de um caminhão ou na carroçaria de uma camionete. Nem tudo foram flores na caminhada de Alice Gorda. Por ter aceitado uma homenagem de Piratas da Batucada, que contou e cantou sua vida na Avenida FAB, ela foi acusada de ter cometido o crime de lesa pátria e traído Boêmios do Laguinho. Triste e decepcionada com a atitude de pessoas que apenas apareciam na associação no período do carnaval, ela bateu em retirada. Em 1967, consciente de que poderia ter dissabores, Alice aceitou ser “testa de ferro” de um bloco de sujos que congregava integrantes do Bloco do Amapá Clube e carnavalescos partidários políticos do Coronel Janary Gentil Nunes, eleito deputado federal em 1966. Se o Amujacy Alencar, o Savino Souza, o Jarbas Gato ou qualquer outro cidadão que participou da campanha do ex-governador tivesse despontado como coordenador do bloco, certamente a Prefeitura Municipal de Macapá não teria aceitado a inscrição requerida para participar da programação oficial. Naquele ano, uma “orquestra” foi colocada na carroçaria de um caminhão para animar os brincantes.



Sentada sobre o capu do motor de um caminhão Ford e reclinada no pára brisa do veículo, a Rainha Moma, com sua fantasia de Arlequim, marcou presença no carnaval de 1977. Contou com a permanente vigilância do Job Nogueira, um dos seus bons amigos. Na carroçaria do caminhão, atrás da Alice, vemos o radialista Arnaldo Araújo, o locutor que a Banda contratou para orientar os brincantes e animá-los.Observem os altofalantes e as caixas de som que então eram usados. Os três personagens deste flagrante já partiram para a eternidade.
              O veiculo fez o mesmo percurso ainda cumprido pela Banda e só começou a tocar a marcha “A Banda”, composta pelo Chico Buarque, com maior ímpeto quando atingiu a Avenida FAB. Imediatamente, os coordenadores do carnaval mandaram os soldados da Guarda Territorial montar uma barreira no esquina da Avenida FAB com a Rua Eliezer Levi para impedir que o bloco passasse em frente ao palanque oficial. Quem usou o termo “Banda” foram as autoridades e não os brincantes ou a imprensa. Alice foi acusada de ter sido conivente com os “bagunceiros e desrespeitadores da ordem”. Jornais de Macapá e de Belém não a pouparam. Braba como ela só, Alice subiu nas tamancas e enfrentou o imbróglio com muita altivez. A maioria dos que a meteu no “foguete sem rabo” se acovardou e sumiu do mapa. No decorrer dos 45 anos em que viveu em Macapá, Alice Gorda promoveu e ajudou a promover as pândegas e as pantomimas carnavalescas. Como o firmamento precisava de uma estrela de primeira grandeza, Alice mudou de endereço, deixando seus súditos conscientes de que apenas a fraternidade é capaz de fazer o carnaval existir. Assim, neste carnaval de 2012, no momento em que as entidades carnavalescas desfilarem no Sambódromo, a atenções de seus integrantes deve estar voltadas para o céu, onde Alice a tudo observa, com um largo sorriso estampado no rosto.Que rufem os tambores! O maravilhoso Reino da Alegria de Alice Gorda está em festa para perpetuar a sua memória.
                                                         
No carnaval de 1998, a Rainha Moma, Alice Gorda, participou do desfile da Banda na carroçaria de uma camionete. Fazia-lhe companhia o Prof. Antônio Munhoz, fantasiado de palhaço e revestido da função de Juiz de Paz. Naquele ano, na esquina da Avenida Feliciano Coelho de Carvalho com a Rua Jovino Albuquerque Dinoá foi realizado o "casamento" da Boneca Chicona com o galante Anhanguera. Alice ainda não apresentava os sintomas da doença que ceifou sua vida .

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

UM FANTÁSTICO GIRO PELO NORDESTE

Por Nilson Montoril

Ribamar Pessoa e Nilson Montoril na Praia do Jacaré, em João Pessoa. Neste logradouro, todos os dias, ao por do sol, um saxofonista toca o Bolero de Ravel a bordo de uma pequena canoa, no Rio Paraiba. A foto foi tirada no domingo, dia 16/1/2011.

        No período de 15 a 21 de janeiro de 2011, estive em João Pessoa, a aprazível capital do Estado da Paraíba. Estava acompanhado de minha esposa Rosa, minha filha Débora, meu genro Ewerton e dos netos Rodrigo e Júlio César. Curtíamos férias, iniciadas em Fortaleza, no dia 6 de janeiro. Às 07h30min horas da manhã do dia 12 tomamos o rumo do sul do Estado de Ceará com destino a Exu, simpática cidade do sertão pernambucano, terra de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. Utilizamos um Pick-up Mitsubishi, cabine dupla e, a despeito de duas paradas de média duração, chegamos a Exu às 16h30min. No decorrer da viagem fui relembrando os meus tempos de estudante, apreciando detalhes do relevo nordestinos citados por meus professores de geografia do Colégio Amapaense. Conhecemos o açude Castanhão, uma obra maravilhosa que represa cerca de sete bilhões de metros cúbicos de água e integra o projeto de transposição das águas do Rio São Francisco. À proporção que nos aproximávamos de Assaré, Crato e do Juazeiro do Norte, meu estado emocional aumentava. Afinal de contas, eu estava prestes a conhecer lugares onde viveram meus antepassados antes de migrarem para a Amazônia a partir de 1898.

Nilson Montoril na entrada do Mausoléu de Luiz Gonzaga.
Na rota para Exu não entramos no Crato, mas passamos pelo trecho da estada que para lá converge. Alguns quilômetros depois dessa entrada vislumbramos a bela Chapada do Araripe. Depois de alcançá-la, iniciamos a subida e trafegamos 26 km por uma estrada pavimentada até o ponto de descida em demanda de Exu. Ficamos hospedados na casa onde reside o casal Edílson Ferreira e Carlena Alencar. Ele oficial reformado do Corpo de Bombeiros do Estado do Amapá. Ela, natural daquela região e integrante da família que tem em Bárbara de Alencar a sua maior referência.

A meu lado, Raimundo Praxedes, vaqueiro do Gonzagão.
Tivemos a feliz oportunidade de visitar o “Parque Asa Branca” que compreende a antiga propriedade de Luiz Gonzaga. Também conhecemos Crato e Juazeiro do Norte, cidades onde ainda moram muitos dos meus parentes, membros das famílias Alencar, Queiroz, Maia, Montoril,Araújo. Em Juazeiro, estivemos no local onde viveu o Padre Cícero Romão Batista e todos os lugares que se referem à fé do povo nordestino por ele. No sábado, por volta da 7h35min tomamos o rumo de João Pessoa. Iríamos percorrer mais de 700 km e tudo transcorreu sem atropelos.

Débora em frente a réplica de uma  "Casa de Reboco"
Chegamos a João Pessoa às 17h40min e nos deparamos com um sério problema: o hotel onde tínhamos feito reservas não honrou com sua palavra. Ainda chegamos a manter contatos com outros estabelecimentos hoteleiros, mas não havia vagas. Chegamos a pensar em emendar caminho para Natal, desistindo de fazê-lo depois que recorremos aos préstimos do casal Ribamar Pessoa e Carmem Nery Pessoa. Pleiteamos apenas um pernoite, mas eles fizeram questão que aceitássemos a hospitalidade pelo tempo que quiséssemos ficar em João Pessoa. Nesta ocasião lembrei de dois velhos ditos populares: “Quem tem padrinho não morre pagão” e “Não fica desamparado quem tem amigo na praça”.
Nilson e Ribamar, este acessando o computador em seu apto.

Domingo, dia 16 de janeiro de 2011, Ribamar, Carmem, eu e Rosa fomos visitar o centro histórico de João Pessoa, a Paia do Jacaré, a Ponta Seixa e outros lugares pitorescos da bela e acolhedora capital paraibana. Fiquei maravilhado com a riqueza arquitetônica da Igreja de São Francisco e do Convento de Santo Antônio, que formam um belo complexo. Em João Pessoa encontramo-nos com o Nilson Montoril Júnior, Anelisa e Lucas. Ainda tivemos tempo para ir a Jacumã, onde revemos Tia Francisca Juracy Montoril Cabral, que até pouco tempo residiu em Itabaiana.

Rosa, Nilson Jr.,Tia Juracy, Nilson,Débora,Rodrigo,Lucas,J.César
Na manhã do dia 18/1/2011, esticamos a viagem a Recife, Porto de Galinhas e Jaboatão do Guararapes, onde pernoitamos.No dia seguinte, 19 de janeiro, às 14 horas, sob pesado temporal deixamos Recife com destino a Natal, no Rio Grande do Norte. À noite, encontramos tempo e disposição para rever alguns pontos marcantes de Natal e jantarmos no restaurante Mangaio. Dia 20, após o café da manhã, tomamos a estrada em direção de Fortaleza, almoçando em Mossoró e parando em Canoa Quebrada para conhecê-la. Em Fortaleza permanecemos até 26 de janeiro de 2011.
Lucas,Riquele,Fernando,Anelisa,Débora,Tia Juracy,NM,Ewerton,Juju.
  Débora, Ewerton, Rodrigo e Júlio César tinham deixado a capital alencarina, por via terrestre, no amanhecer do dia 25 de janeiro, pernoitando em Teresina e chegando a Belém ao anoitecer do dia 26. Eu e Rosa fizemos o trecho Belém/Fortaleza/Belém por via aérea. No final deste ano de 2012, pretendemos seguir outra rota, planejando melhor a questão de hospedagem para não sermos surpreendidos pelo mau caráter de alguns gerentes de hotel. Tia Francisca Juracy Montoril Cabral reside atualmente em João Pessoa e possui um apartamento em Jacumã, cuja praia é bastante procurada pelos turistas.

Carmem Pessoa e Rosa Araújo na Igreja de São Francisco
Ao final deste relato não posso deixar de agradecer o importantíssimo apoio que minha família recebeu dos amigos Ribamar Pessoa e Carmem Nery Pessoa, ilustres proprietários de um belo apartamento no 17º andar de um prédio edificado no bairro Manaíra, em João Pessoa, de cuja sacada vê-se parte do litoral e o Oceano Atlântico, tão grande como os corações que eles carregam em seus peitos. Também merece destaque o acolhimento que recebemos do casal Edilson e Carlena, em Exu, cidade que os abriga há 10 anos e de onde não pretendem sair. Em João Pessoa  contamos com a parceria do botafoguense


Edilson, Carlena e Rosa no entorno da imagem do Pe. Cicero
  Inaldo, paraibano que mora em Macapá e que lá se encontrava em gozo de férias. Não faz muito tempo que Exu viveu momentos de muita discórdia entre as famílias Alencar e Sampaio. Com a intercessão de Luiz Gonzaga e intervenção do Exército a paz foi estabelecida. Tive a oportunidade de passar alguns momentos de descontração numa fazendola de membros da família Alencar e ali encontrar alguns Sampaios que conversavam animadamente. A Serra ou Chapada do Araripe corresponde a um Parque Nacional com variado eco-sistema. A cidade, cujo nome não tem nada a ver com divindade do Candomblé e sim designa a colméia de abelhas,atualmente é abastecida por água transposta do Rio São Francisco. É cortada por uma rodovia que se estende até Petrolina/PE e possui tráfego considerável.


Impressionante imagem de cera que personifica o Padre Cicero Romão Batista repousando em uma rede.A imagem fica isolada em uma sala do Memorial do Padre Cícero, em Juazeiro do Norte. Tirei a fotografia através da vidraça.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

A ELEVAÇÃO DE MACAPÁ À CATEGORIA DE VILA

  Por Nilson Montoril
                 

Foto de 1960, ocasião em que Macapá tinha 202 anos de existência na condição de vila. Para termos uma idéia da área onde foi implantado o povoado, basta imaginar a área sem a Fortaleza de São José. O entorno do platô era exatamente igual em 1751 e 1960, excluindo naturalmente quaisquer outras edificações

                     Na viagem que empreendeu à Capitania de São José do Rio Negro, onde discutiu com os espanhóis sobre as questões de fronteiras entre as possessões de Portugal e da Espanha na América do Sul, o Capitão-General Mendonça Furtado, Governador do Estado do Grão Pará, tomou uma série de medidas administrativas necessárias à formação de vilas e lugares. Antes de aportar em Macapá, Mendonça Furtado parou na aldeia dos índios Urucará, onde o Padre Antônio Vieira havia introduzido índios nhengaibas, perseguidos por escravagistas. No dia 24 de janeiro de 1758, a aldeia Urucará foi elevada à categoria de vila e testemunhou a instalação do Senado da Câmara. A denominação mudou para Portel. A comitiva do governador chegou a Macapá dia 1º de fevereiro e as delineações do espaço que iria abrigar a vila ocorreram imediatamente. Este espaço corresponde as Praças Veiga Cabral (Largo de São Sebastião) e Barão do Rio Branco ( Largo de São José/São João).As denominações dadas aos dois largos traduzem bem a intenção de Mendonça Furtado em homenagear não apenas os santos, mas também seu irmão Sebastião José de Carvalho e Melo e o Rei D. José I. é claro que o delineamento em questão não passou de um simples escolha, sem compreender a limpeza total da área, que por ser de cerrado facilitou a empreitada. No dia dois de fevereiro, a cerimônia de posse dos membros do Senado da Câmara certamente aconteceu no núcleo pioneiro de Macapá. Nela havia instalações diversas e a população ali residia. Devido ao porte que Mendonça Furtado quis dar a Macapá, o Senado da Câmara foi formado por quatro membros: Francisco Espíndola Bittencourt, que exerceria a presidência e seria o Juiz Ordinário; Carlos de Melo, acumulando as funções de Procurador do Executivo e Tesoureiro; Thomé Francisco Vieira e Manoel José Paes como
vogais.
Mulher da Ilha São Jorge, uma das nove ilhas que formam o Arquipélago dos Açores. Da Ilha  São Jorge também vieram pessoas que contribuiram para o povoamento de diversas regiões do Brasil, inclusive Macapá.

                 Todos eram açorianos, brancos e letrados. Finda a cerimônia de posse, a comitiva do governador, acrescida por militares do reduto fortificado e por populares deu vivas ao Rei de Portugal e desejou-lhe longa vida. A ligação entre o platô da fortificação e a área do atual centro histórico era feita através de uma ponte de madeira construída sobre o igarapé do Igapó e por uma estrada aterrada. A abertura de vias públicas data de 1761, correspondendo a nove ruas, nove travessas e passagens, dois largos maiores e um largo menor.

Imagem de Macapá, mostrando em primeiro plano a Igreja de São José, o Senado da Câmara(à esquerda) e a casa Paroquial. Por volta de 1761, o quadro era praticamente este que vemos na fotografia.

                  No dia 4 de fevereiro houve missa campal celebrada pelo bispo Miguel de Bulhões e concelebrada pelo Padre Miguel Ângelo de Morais. Encerrado o ato litúrgico o bispo do Grão-Pará assentou a pedra fundamental da Igreja de São José. A seguir, o Governador Mendonça Furtado convidou o Ouvidor Geral Pascoal Abranches Madeira Fernandes a conduzir o cerimonial que redundaria na declaração de elevação do povoado à categoria de vila, que o fez de maneira formal e marcante, a começar pela ereção do pelourinho, símbolo das franquias municipais. Em Portugal “o pelourinho era um pilar de pedra, de estilo burlesco, mas às vezes formoso. Servia de poste para o condenado receber açoites, como lugar de execução, do qual penduravam o criminoso, ou contra o qual se estrangulava e decapitava.” Na Amazônia bastava um grosseiro tronco de madeira com duas travas cruzadas no topo ou argolas. Aos romanos o denominavam pilori e o tinham como símbolo da autoridade e da justiça. O termo pilori evoluiu para pelouro, que era cada um dos ramos da administração de uma vila ou de uma cidade afeta aos vereadores da Câmara Municipal, onde se reuniam os vogais representantes do povo e entre eles o Juiz Ordinário e o Procurador. A franquia de que desfrutavam as vilas consistia na liberdade e direito de cobras impostos e ministrar a justiça em primeira instância. O vogal era o representante paritário da classe popular e tinha direito a voto. A direção da segunda vila a ser instalada por Mendonça Furtado foi exercida pelo Senado da Câmara, cujo prédio foi construído ao lado direito da Igreja, no espaço que hoje abriga a Biblioteca Estadual Elcy Rodrigues Lacerda.
Vista atual da Fortaleza de São José e do Parque do Forte. O visual mudou profundamente quanto a urbanização da área.

                  Pouco a pouco, a contar de 1761, as casas destinadas aos moradores da vila e os prédios públicos foram sendo construído em taipa-de-mão. A área inicialmente habitada era delimitada pelas ruas Formosa (Cândido Mendes) e da Campina (Tiradentes) e pelas Travessas do Lago (General Gurjão) e da Estrela (Presidente Vargas). Por trás da Igreja de São José, que sempre ficou de frente para a rua São José, passava a rua dos Inocentes, interligando  as travessas do Lago e da Estrela. O largo que demorava após a igreja também ficou rotulado pelo povo como Largo dos Inocentes. Com o passar do tempo, o quadrado compreendido entre a Rua São José, a rua da Campina e as Travessas do Lago e da Estrela tornou-se o ponto mais habitado de Macapá. O povo dizia que ali tinha tanta gente que mais parecia um formigueiro. A expansão no sentido do rio Amazonas ocorreu muito tempo depois. Neste dia 4 de fevereiro de 2012, comemoramos os 254 anos da elevação do povoado de Macapá à categoria de vila. Contando o tempo de povoado,  equivalente a 6 anos, 3 meses e 15 dias aproximadamente, Macapá alcança mais de 260 anos de existência.