quarta-feira, 17 de agosto de 2011

AMILAR BRENHA, O MAGO DO BANDOLIM




                                 

       Por Nilson Montoril
O instrumentista Amilar Brenha viveu 33 anos no Amapá, 26 deles na cidade de Mazagão,com breves períodos em Macapá. Veio para o Amapá com 43 anos. Em 1965, foi residir em Mazagão, onde passou 26 anos.A diabetes causou-lhe problemas na vista direita. A presente foto ilustra a capa do CD gravado por iniciativa do Rui Lima, no verão de 2008.
                        O maranhense Amilar Artur Brenha foi um cidadão que fez das adversidades um bom motivo para divertir-se e alegrar seus amigos. Nascido na cidade de Pinheiro, a 15 de agosto de 1915, começou sua vida artística aos 11 anos de idade apresentando-se em Circos, Teatros e em emissoras de rádio. Entre os anos de 1926 a 1958, participou do cast artístico de diversos circo, o último deles o “Circo Teatro Ibis”, que em 1958 empreendeu um longa temporada pelo norte do Brasil. Além de bandolinista, Amilar Brenha contracenava com os palhaços, fazia pontas nos dramas e comédias e integrava a orquestra. Quando o Amilar falava sobre sua vida circense não deixava de lembrar do grande amigo Laquimé, um instrumentista de inegáveis méritos. Devido a sua participação em uma comédia, Amilar Brenha ganhou o apelido de "javali", pelo fato de lamentar-se da indiferença da mulher que ele paquerava dizendo: “agora tu não me queres mais porque eu não valo nada, mas eu já vali”. O Circo Teatro Ibis foi o primeiro circo a se instalar em Macapá, já na fase do Amapá como Território Federal. Instalou-se no campo de futebol que então existia na Praça capitão Augusto Assis de Vasconcelos, que mais tarde passou a ser identificada como Veiga Cabral. Quando isso ocorreu  o Amilar sentia-se cansado da vida artística. Durante sua estada em Macapá, Amilar conheceu vários boêmios que o estimularam a vir trabalhar na capital amapaense, largando as freqüentes andanças necessárias à sobrevivência do circo. Porém, somente no dia 2 de julho de 1958, na condição de passageiro do Rebocador Araguary, embarcação pertencente ao Sertta Navegação, desembarcou no Trapiche Eliezer Levy. Obteve o emprego de capataz de operários na Companhia de Eletricidade do Amapá e foi atuar no Paredão, onde estava sendo construída a Hidrelétrica Coaracy Nunes. Devotado ao trabalho, não dispunha de tempo para tocar seu bandolim, que por sinal estava bastante avariado. No inicio do mês de fevereiro de 1965, Amilar desligou-se da CEA e foi trabalhar em Mazagão, desempenhando as funções de capataz, auxiliar administrativo e almoxarife.

                        Na década de 1970, quando se realizou a 1ª Operação Aciso, em Mazagão, os coordenadores da ação social souberam que um funcionário da Prefeitura Municipal tocava bandolim com esmero. O servidor era o Amilar. Inscrito na Ordem dos Músicos do Brasil, Conselho Regional do Amapá, Amilar possuía o Certificado de Habilitação de Violonista, expedido no dia 13 de novembro de 1962. Foi como violonista que o ilustre maranhense começou a ser conhecido nas rodas de serestas de Macapá e Mazagão. Não demorou a mostrar seu desprendimento com o cavaquinho e com o bandolim. Em 1972, Amilar Brenha concorreu às eleições para a Câmara Municipal como candidato do Movimento Democrático Brasileiro-MDB. Tomou posse a 31 de janeiro de 1973, mas renunciou o mandato em 1976, por não comungar com a linha de ação agressiva que o partido adotara contra as autoridades municipais e territoriais. O Território Federal do Amapá era governado pelo capitão de mar e guerra José Lisboa Freire ao qual competia nomear o prefeito. Ainda em 1976, acatando um convite formulado pelo Secretário de Educação, Coronel Luiz Ribeiro de Almeida, o pacato Amilar filiou-se a Aliança Renovadora Nacional-ARENA e nunca mais quis ser vereador. Recebeu a incumbência de ministrar aulas de música na Escola D. Pedro I e saiu-se muito bem. As aulas de violão eram supervisionadas pelo Conservatório Amapaense de Música, hoje Escola de Música Walkiria Lima. A remuneração das aulas deu mais tranqüilidade ao Amilar, haja vista que o salário recebido da prefeitura era baixo e costumava atrasar até quatro meses.
Nesta fotografia tirada em 1982, na frente da casa onde o Amilar morava, em Mazagão, ele aparece ao lado do Nilson Montoril Júnior, Torquato Neto e Débora Montoril. Meus filhos o chamavam de "vôvo Amilar"
                         Por ocasião da realização da 1ª Semana de Arte Amapaense, levada a efeito no período de 24 a 31 de outubro de 1981, promoção conjunta da Secretaria de Planejamento do Governo do Amapá, Secretaria de Educação e Cultura e Representação do Ministério da Educação e Cultura-REMEC/AP, o Amilar Brenha teve participação marcante. Incentivado pelos amigos no sentido de aprimorar sua escolaridade e obter conhecimentos gerais, Amilar fez vários cursos no campo da música e do folclore. O Curso mais importante foi o de Capacitação Para o Magistério de 1ª a 5ª Séries de 1º Grau, realizado no Instituto de Educação do Território do Amapá-IETA, no período de 5 a 23 de maio de 1980. Respaldado pela Resolução Nº. 37/79 do Conselho de Educação do Território do Amapá-CETA, o curso conferiu a seus participantes um certificado e o competente registro de professor. Amilar Brenha foi assíduo parceiro do violonista Nonato Barros Leal, integrou o grupo de choro “Café com Leite”, o “Regional E-2” da Rádio Difusora de Macapá e o grupo de chorões “Os Piriricas”. Em 1986, contando com o patrocinio do governador Nova da Costa, gravou um disco de vinil com 12 músicas de sua autoria: Piririca no Choro, Laquimé, Sargento Penha, Complete o Tempo, Capitão Boca Torta, Choro das Crianças, Choro Café Com Leite, Lama na Cara, Mazagão no Choro, Choro de Lenha e Tião. Amilar Arthur Brenha faleceu em Macapá no dia 20 de abril de 1991, sendo sepultado no Cemitério S no dia 20 de abril de 1991, sendo sepultado no CemitGrupo de Choro Caf professor.erestas

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