PINTANDO O 7
NUMA BOLA AZUL
Nilson Montoril
No
dia 22 de julho de1945, em partida realizada no Estádio Evandro Almeida e válida pelo
primeiro turno do campeonato paraense de futebol da 1ªdivisão, o Paysandu aplicou uma contundente goleada no
Clube do Remo por 7x0. O prélio foi dirigido pelo árbitro paraense Alberto
Monard da Gama Malcher e funcionou como representante da Federação Paraense o
Tenente Euclides de Morais Rodrigues que era membro da diretoria do Júlio César
Esporte Clube. Homem devotado à natação, Euclides Rodrigues atuou posteriormente em Macapá onde realizou um meritório trabalho com nossos nadadores, inclisive conduzindo-os à conquista do campeonato Brasileiro Infanto-Juvenil em 1956. O certame foi disputado na piscina do Ginásio do Ibiapuera, em São Paulo.O Paysandu foi superior ao Remo desde o inicio da partida, mas
só conseguiu marcar um gol aos 37’da 1ª faze do embate. Esse tento foi
assinalado por Hélio Costa, o famoso “Cabecinha de Ouro” do futebol paraoara
após receber um passe açucarado de Arleto Guedes. O mesmo Hélio que em 1953
veio trabalhar no Território do Amapá e defender as cores do Trem Esporte Clube
Beneficente. Antes do fim do 1º tempo foram expulsos de campo, porque brigaram Vicente
(Remo) e Arleto (Paysandu). No tempo complementar o Paysandu foi impiedoso:
Farias ao 1º minuto, Soiá, aos 4’,
Soiá,aos 9’,
Soiá, aos 20’,
Hélio, aos 24’
e Nascimento aos 44’
passaram a régua no placar. No ano de 1945, o Paysandu conquistaria o
tetra-campeonato do certame paraense. O Paysandu formou com Palmério; Izan e
Athenágoras; Mariano, Manoel Pedro e Nascimento; Arleto, Hélio, Guimarães, Farias
e Soiá. O Clube do Remo alinhou com Tico-Tico; Jesus e Expedito; Mariozinho,
Rubens e Vicente; Monard, Jiju, Jango, Capi e Boró. Três desses atletas atuaram
no futebol amapaense: Hélio Costa, Expedito Dias e Soiá. Hélio foi trazido por
Belarmino Paraense de Barros para jogar pelo Trem em troca de um emprego.
Ingressou no quadro de funcionários do Território do Amapá como artífice,
exercendo suas atividades na Escola Industrial de Macapá. A 15/1/1950, ele
fazia parte da seleção paraense de futebol que derrotou o escrete do Amapá por
1x0, na inauguração do Estádio Territorial que a partir de janeiro de 1956
passou a ser chamado Glicério de Souza Marques. Além de defender o time do
“Trem Lapidador”, Hélio Costa também formou na seleção amapaense. Faleceu em
Macapá e aqui está sepultado.
Expedito Dias foi um lateral esquerdo técnico e
elegante no trato da bola que chegou a Macapá em 1952. Aceitou um emprego de servidor público federal
mediado por Acésio Guedes para formar na onzena do Esporte Clube Macapá, onde
jogou por muito tempo. Lotado na Divisão de Educação, ocupou a função de Chefe
da Seção de Material até aposentar-se. A passagem do Soiá pelo futebol do Amapá
foi breve e antes de formar na onzena do Paysandu.Chegou a integrar o elenco do Esporte Clube Macapá, mas não se acostumou a viver em Macapá e preferiu retornar à Vigia, sua terra natal.El iniciou sua carreira de futebolista no Uruitá Esporte Cube. Em 1947, ao deixar o Papão, Soiá voltou para o mesmo Uruitá.
Não
se deve confundir o Boró, ponta esquerda do Clube do Remo com o João Pignataro,
também apelidado Boró, que ainda vive na cidade de Macapá e formou no Amapá
Clube e na Seleção do Amapá. O nosso Boró, que ao chegar a Macapá era conhecido
como Borozinho, é sobrinho do atleta que defendeu o Clube do Remo. A goleada de
7x0 que o Paysandu deu no Clube do Remo ficou eternizada na música: “Uma lista
branca, outra lista azul, essas são as cores do Papão da Curuzú (bis). O nosso
time joga pra valer, até o Peñarol veio aqui pra padecer. O Paysandu topa
qualquer parada, quando perde é por descuido,mas depois vem à virada; pintou o sete numa bola (tela) azul,
são os feitos sem defeito do Papão da Curuzú”. O Peñarol, base da seleção de
futebol do Uruguai, detentor de 2 títulos da Libertadores da América e de um
Mundial de Clubes, perdeu para o Paysandu por 3x0, no dia 18/7/1965 ,em partida
realizada no Estádio Leônidas de Castro, em Belém. O time uruguaio excursionava pelo Brasil e
por onde passava massacrava seus adversários.Entretanto , diante do Paysandu sentiu o travo da derrota graças aos gols assinalados por Ércio, Milton Dias e Pau Preto. Empolgadissimo com a vitória alvi-celeste o torcedor Francisco
Pires Cavalcante compôs o hino popular do Paysandu após a vitória sobre o
Peñarol, mas não esqueceu o 7x0 sobre o Remo, em 1945. Vale lembrar que no dia
26 de novembro de1943, o Paysandu já havia vencido o Remo por 7x1.
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