quinta-feira, 12 de setembro de 2013

PRIMEIRO DESFILE CÍVICO REALIZADO NA FORTALEZA SÃO JOSÉ

   PRIMEIRO DESFILE CÍVICO REALIZADO NA FORTALEZA SÃO JOSÉ

   Por Nilson Montoril
 
A Foto de 1952 nos revela a Fortaleza de Macapá inteiramente restaurada. À sua esquerda vemos o Trapiche Eliezer Levy e o igarapé do Igapó. A oeste, o local conhecido como Elesbão ainda não contava com a presença de moradores vindos da região das ilhas do Pará. Na faixa de terra junto ao Rio Amazonas existia o Parque Recreio, um lugar aprazível onde as programações governamentais destinadas aos servidores públicos eram realizadas.

                        No dia 7 de setembro de 1945, data da Independência do Brasil, a cidade de Macapá via pela primeira vez um desfile cívico realizado na Fortaleza São José. Desde cedo o povo saiu às ruas, rumando para a vetusta edificação militar, que ainda se encontrava em restauração. Ornamentada com galhardetes verde-amarelos e com enormes bandeiras do Brasil, nosso monumental patrimônio histórico, uma das sete maravilhas nacionais foi pouco a pouco sendo tomada por populares. A guarnição da briosa Guarda Territorial ali instalada, era a responsável pelos trabalhos de restauração. Vale dizer que, quando da instalação do governo do Território Federal do Amapá, a velha fortificação estava em ruínas. A Guarda Territorial não era apenas uma corporação paramilitar,mas também uma força tarefa para recuperação de prédios públicos e prestação de serviços comunitários. Por isso, contava com o concurso de pedreiros, carpinteiros, marceneiros, alfaiates, sapateiros e, atuando como mantenedores da ordem, reservistas de primeira categoria.
Na abertura dos desfiles cívicos na Fortaleza as autoridades territoriais os abriam com muito garbo.Quase todos os diretores de repartições públicas eram militares e a maioria ostentava a patente de tenente. Na fotografia acima destaca-se o trio onde o governador Janary Gentil Nunes desfila ao centro usando terno branco de linho, entre o Secretário Geral Raul Montero Valdez  e o Ajudante de Ordem  Rui Gama. Após o trio estavam os diretores e assessores do 1º escalão.

 Às 8 horas, o governador Janary Gentil Nunes chegava à Fortaleza São José, envergando seu uniforme de capitão da arma de Infantaria do Exército, sendo saudado pelos toques militares de estilo e hasteou o pavilhão nacional no mastro grande erguido no bastião de São José, o que atualmente é o mais próximo do Banco do Brasil. Enquanto a bandeira era hasteada a multidão cantava o hino pátrio. Houve saudação cívica realizada pelo governador e pelo capitão Humberto Pinheiro de Vasconcelos, diretor da Divisão de Segurança e Guarda e comandante da Guarda Territorial. Em seguida, ao rufo dos tambores da banda marcial dos escoteiros do Pará, que se encontrava na cidade desde o dia anterior, foi acesa uma garbosa tocha simbolizando a chama cívica que os brasileiros precisam cultivar. A parada cívica foi comandada pelo 1º Tenente Paulo Eleutério Cavalcante de Albuquerque, chefe do Serviço de Informações do governo territorial e estava primorosamente organizada. As entidades que desfilaram cobriram o curto trajeto entre os baluartes São Pedro e Nossa Senhora da Conceição. 
Em 1951, a Fortaleza já estava totalmente restaurada e abrigando, além da Guarda Territorial, algumas repartições do governo territorial. No dia da Pátria, os populares subiam nas muralhas para melhor presenciar o desfile cívico. O uso de roupa branca era predominante no meio da população. Ao fundo, as matas do atual bairro Santa Inês estavam preservadas.

A delegação da Federação Paraense de Escoteiros, chefiada pelo Capitão Gonçalo Lagos Castelo Branco Leão. Abriu o desfile ao som de sua contagiante banda marcial. Posteriormente, apresentaram-se os alunos do Grupo Escola r de Macapá, integrantes do Amapá Clube, Esporte Clube Macapá e Cumaú Esporte Clube. A Guarda Territorial fechou a para de 7 de setembro. Um acontecimento marcado por fortíssima emoção ocorreu por ocasião do desfile alusivo aos 125 anos da Independência do Brasil. O ex-pracinha Alfredo Fausto Façanha marcou sua presença envergando o uniforme do 6º Regimento de Infantaria da Força Expedicionária Brasileira que usou nas batalhas de Montese, Pao e Castelo Novo, contra forças alemãs que ocuparam a Itália durante a segunda guerra mundial. Alfredo era natural do lugar Floresta, na região das ilhas do Pará, que, até a criação do Território Federal do Amapá, a 13 de setembro de 1943, pertenceu ao município de Macapá.

Por muito tempo alguns soldados da Guarda Territorial vestiam uniforme militar português da época colonial. A prática dava um ar nostálgico no meio dos que visitavam a Fortaleza em dias festivos e de devoção. Esses militares era os responsáveis pela detonação dos canhões, com salva de 21 tiros, usando apenas pólvora.

 Com a edição do ato que desmembrou do Estado do Pará as terras do atual Estado do Amapá, o Rio Amazonas passou a ser o limite natural entre as duas unidades administrativas do país. Nasceu em 1921 e ao ser convocado para a guerra tinha 23 anos de idade. Embarcou para a Itália em dezembro de 1944, desembarcando em Nápoles dia 8 de fevereiro de 1945, entrando imediatamente em atividade. Com a rendição dos alemães a 8 de maio de 1945, as hostilidades cessaram e os pracinhas brasileiros retornaram ao solo pátrio. Como soldado da 8ª Região Militar, contingente da Amazônia, Alfredo Fausto Façanha embarcou para o Rio de Janeiro no dia 6 de junho. Era filho de Augusto Fausto Façanha e Amélia Maria Façanha.á noite, no Cine-Teatro Territorial, o ex-pracinha participou de uma sessão cívica e narrou lances dramáticos dos combates em que esteve presente.

Em 1953, ocorreu o último desfile cívico na Fortaleza. O efetivo estudantil e de outras entidades que sempre participaram do evento forçaram sua realização em outro local. No flagrante vemos a tropa de Escoteiros do Mar Marcílio Dias a postos no baluarte Nossa Senhora da Conceição, local onde estava fincado o mastro para o hasteamento da Bandeira Brasileira e o palanque das autoridades. Dai, os participes do desfile tomavam o sentido do baluarte São Pedro. Observe como prevalecia o usa de roupa branca feita de linho por parte dos populares.


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