PRIMEIRO DESFILE CÍVICO REALIZADO NA FORTALEZA SÃO JOSÉ
Por Nilson Montoril
No
dia 7 de setembro de 1945, data da Independência do Brasil, a cidade de Macapá
via pela primeira vez um desfile cívico realizado na Fortaleza São José. Desde
cedo o povo saiu às ruas, rumando para a vetusta edificação militar, que ainda
se encontrava em
restauração. Ornamentada com galhardetes verde-amarelos e com
enormes bandeiras do Brasil, nosso monumental patrimônio histórico, uma das
sete maravilhas nacionais foi pouco a pouco sendo tomada por populares. A
guarnição da briosa Guarda Territorial ali instalada, era a responsável pelos
trabalhos de restauração. Vale dizer que, quando da instalação do governo do
Território Federal do Amapá, a velha fortificação estava em ruínas. A Guarda
Territorial não era apenas uma corporação paramilitar,mas também uma força
tarefa para recuperação de prédios públicos e prestação de serviços
comunitários. Por isso, contava com o concurso de pedreiros, carpinteiros,
marceneiros, alfaiates, sapateiros e, atuando como mantenedores da ordem,
reservistas de primeira categoria.
Às 8 horas, o governador Janary Gentil Nunes
chegava à Fortaleza São José, envergando seu uniforme de capitão da arma de
Infantaria do Exército, sendo saudado pelos toques militares de estilo e
hasteou o pavilhão nacional no mastro grande erguido no bastião de São José, o
que atualmente é o mais próximo do Banco do Brasil. Enquanto a bandeira era
hasteada a multidão cantava o hino pátrio. Houve saudação cívica realizada pelo
governador e pelo capitão Humberto Pinheiro de Vasconcelos, diretor da Divisão
de Segurança e Guarda e comandante da Guarda Territorial. Em seguida, ao rufo
dos tambores da banda marcial dos escoteiros do Pará, que se encontrava na
cidade desde o dia anterior, foi acesa uma garbosa tocha simbolizando a chama
cívica que os brasileiros precisam cultivar. A parada cívica foi comandada pelo
1º Tenente Paulo Eleutério Cavalcante de Albuquerque, chefe do Serviço de
Informações do governo territorial e estava primorosamente organizada. As
entidades que desfilaram cobriram o curto trajeto entre os baluartes São Pedro
e Nossa Senhora da Conceição.
A delegação da Federação Paraense de Escoteiros, chefiada
pelo Capitão Gonçalo Lagos Castelo Branco Leão. Abriu o desfile ao som de sua
contagiante banda marcial. Posteriormente, apresentaram-se os alunos do Grupo
Escola r de Macapá, integrantes do Amapá Clube, Esporte Clube Macapá e Cumaú
Esporte Clube. A Guarda Territorial fechou a para de 7 de setembro. Um
acontecimento marcado por fortíssima emoção ocorreu por ocasião do desfile
alusivo aos 125 anos da Independência do Brasil. O ex-pracinha Alfredo Fausto
Façanha marcou sua presença envergando o uniforme do 6º Regimento de Infantaria
da Força Expedicionária Brasileira que usou nas batalhas de Montese, Pao e
Castelo Novo, contra forças alemãs que ocuparam a Itália durante a segunda
guerra mundial. Alfredo era natural do lugar Floresta, na região das ilhas do
Pará, que, até a criação do Território Federal do Amapá, a 13 de setembro de
1943, pertenceu ao município de Macapá.
Com a edição do ato que desmembrou do
Estado do Pará as terras do atual Estado do Amapá, o Rio Amazonas passou a ser
o limite natural entre as duas unidades administrativas do país. Nasceu em 1921
e ao ser convocado para a guerra tinha 23 anos de idade. Embarcou para a Itália
em dezembro de 1944, desembarcando em Nápoles dia 8 de fevereiro de 1945,
entrando imediatamente em
atividade. Com a rendição dos alemães a 8 de maio de 1945, as
hostilidades cessaram e os pracinhas brasileiros retornaram ao solo pátrio. Como
soldado da 8ª Região Militar, contingente da Amazônia, Alfredo Fausto Façanha embarcou
para o Rio de Janeiro no dia 6 de junho. Era filho de Augusto Fausto Façanha e
Amélia Maria Façanha.á noite, no Cine-Teatro Territorial, o ex-pracinha
participou de uma sessão cívica e narrou lances dramáticos dos combates em que
esteve presente.
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