UNIÃO BENEFICENTE DOS MOTORISTAS DO AMAPÁ
Por Nilson Montoril
No
dia 25/7/1952, fundava-se em Macapá a União Beneficente dos Motoristas do
Amapá-UBMA, sociedade civil, beneficente, constituída por condutores de
máquinas a explosão, profissionais e amadores, e todos aqueles que tinham
ligação direta com aquele tipo de máquinas, sem qualquer distinção de
nacionalidade, cor, raça ou religião. Dessa data em diante, uma comissão
formada José Cardoso da Silva, Luiz Vitorino de Souza, Marcelino Ribeiro da
Silva e Antônio Quintino de Menezes, membros da novel instituição, elaborou seu
Estatuto, que foi aprovado em sessão de Assembléia Geral realizada no dia 23/12
do citado ano. A UBMA comemorou seu primeiro aniversário de fundação no dia
25/7/1953, consagrado a São Cristovão, padroeiro dos motoristas, e levou a
efeito várias solenidades, constantes de novenas rezadas às 19h30min dos dias 22,23
e 24, e missa solene às 6h30min do dia 25. Após a missa ocorreu à benção dos
carros, na Praça Veiga Cabral, e, em seguida teve inicio a procissão conduzindo
a imagem do glorioso padroeiro.
Ás 8 horas do mesmo dia, no salão nobre do
prédio da Prelazia de Macapá, houve a posse dos novos dirigentes da UBMA,
eleitos para o biênio 1953-1954, em Assembléia Geral realizada no dia 30 de junho:
Presidente de Honra: Tenente Coronel Janary Gentil Nunes, governador do
Território Federal do Amapá; Presidente: Amilcar da Silva Pereira;
Vice-Presidente: Marcelino Ribeiro da Silva; 1º Secretário: Dr. Dário Gomes; 2º
Secretário: Gilberto Jucá de Araújo; Tesoureiro: Veridiano Souza; Procurador
Geral: Emanuel Pinheiro. O Conselho Fiscal era formado pelo Monsenhor Aristides
Piróvano, Amiraldo Elleres Nunes e Juvenal Salgado Canto.
São
Cristovão, Christophorus em latim, é venerado por fiéis da igreja católica,
ortodoxa do oriente, anglicana, luterana e umbandistas. No oriente, a festa
desse santo ocorre no dia 9 de março. No ocidente, as comemorações acontecem no
dia 25 de julho. O nome Christophorus, em grego, significa “aquele que carrega
Cristo”. Na Legenda Áurea, uma compilação de histórias de Santos do século
XIII, Cristovão é citado como filho de um rei pagão em Canaã ou na Arábia, cuja
esposa engravidou depois fervorosas preces ao deus Apolo. A criança recebeu o
nome de ‘ Reprobus (Offerus) e ao alcançar a fase adulta causava admiração
devido a sua compleição física de gigante. Decidido a servir aos mais fortes e
destemidos vinculou-se a um individuo muito valente, mas que tinha medo do
diabo. Isso foi o bastante para que Cristovão fosse oferecer seus préstimos ao
próprio diabo. Fez isso até perceber que seu chefe tremia diante de uma cruz
fincada à beira de uma estrada ou algo semelhante a ela compreendendo um esteio
com uma placa sinalizadora na bifurcação de caminhos.
Certa vez presenciou um
eremita aproximar-se de uma cruz, abraçá-la e beijá-la. Vendo nesse gesto uma
prova de grande coragem, aproximou-se do eremita propondo fazer-lhe companhia
em suas jornadas. O eremita educou Cristovão na fé cristã e o convenceu a
prestar ajuda aos viajantes que precisavam transpor um caudaloso rio com forte
correnteza. Certo dia, Cristovão viu uma criança postada à margem do referido
rio e, colocando-a sobre o ombro direito iniciou a travessia. A cada passo
dado, Cristovão sentia que o peso da criança aumentava. Chegando à outra
margem, bastante cansado ouviu o menino dizer: “Tivestes às costas mais que o mundo inteiro. Transportastes o
criador de todas as coisas. Sou Jesus Cristo, aquele a quem serves”. Jesus
mandou Cristovão fincar seu bastão na terra. No dia seguinte, o cajado havia se
transformado em uma exuberante palmeira.
São Cristovão viveu na época
das perseguições aos cristãos movidas pelos romanos quando era Imperador Caio
Méssio Quinto Trajano Décio, que governou de 249 a 251 depois de Cristo.
Capturado pelo governador da Antioquia foi martirizado de forma cruel e depois
decapitado no dia 25 de julho de 250 depois de Cristo. A Antioquia era então
uma região situada entre a Síria e a Abissínia, hoje cidade de Antakia,
pertencente à Turquia. As narrativas sobre São Cristovão começaram a se
espalhar pelo mundo a partir do século VI, notadamente na França. Foi
canonizado no século XV, mas o Concilio Vaticano II, em 1969, julgou que havia
poucas evidências históricas da existência de santidade nele. O mesmo aconteceu
com outros 199 mártires do cristianismo, entre eles São Jorge. No sincretismo
afro-brasileiro São Cristovão é equiparado ao orixá Xangô.
O Concilio Vaticano
II, convocado a 25 de dezembro de 1961, pelo Papa João XXIII e por ele
instalado dia 11 de outubro de 1962, reuniu 2.000 prelados que discutiram
vários temas visando atualizar a Igreja Católica. Cerca de 200 santos, cuja
existência não tem sólidas convicções históricas, foram removidos do calendário
católico. A Igreja aceita a devoção aos santos cassados e o culto aos mesmos,
mas eles não fazem parte do Calendário Litúrgico e por isso não têm direito a
missa e orações específicas. Entretanto, o povo manteve neles sua devoção. São
Cristovão é o padroeiro dos solteiros, marinheiros, viajantes, epiléticos e dos
jardineiros. Abranda as tempestades, favorece que seus devotos tenham uma santa
morte e se livrem da dor de dente.
A oração que os motoristas devem fazer
pedindo a intercessão de São Cristovão é a seguinte: “Daí-me Senhor, firmeza e vigilância no volante, para que eu chegue ao
meu destino sem acidentes. Protegei os que viajam comigo. Ajudai-me a respeitar
a todos e a dirigir com prudência. E que eu descubra vossa presença na natureza
e em tudo o que me rodeia”.
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