segunda-feira, 9 de setembro de 2013

ESCOLA DE CIVISMO:ESCOTEIROS E BANDEIRANTES



           ESCOLA DE CIVISMO: ESCOTEIROS E BANDEIRANTES

           Por Nilson Montoril(montorilaraujo@hotmail.com)
Famosa fotografia de Baden Powell, o fundador do escotismo. O movimento existe em todos os países do mundo e tem sido importantíssimo para moldar o caráter dos jovens que dele participam na forma dos princípios que o caracterizam. O grande oficial inglês, que faleceu aos 83 anos de idade, merece o reconhecimento expresso no cartaz acima: "Grande HOMEM Que Não Vamos Esquecer". Fui lobinho,escoteiro e chefe. Mantenho intactos meus ideais e a obediência à máxima de que: "Uma Vez Escoteiro,Sempre Escoteiro".
                        O marco inicial do escotismo é o acampamento que Baden Powell realizou na ilha de Browser, Inglaterra no verão de 1907, com o precípuo objetivo de colocar em prática os princípios contidos no livro “Aids to Scouting”, escrito por ele para uso de militares. O livro foi escrito antes de 1887, quando o autor ainda não compunha as tropas ingleses que foram lutar na África do Sul contra os Zulus,Ashantis e Matabeles. Em 1901, ao retornar a Londres, Baden Powell constatou que seu livro fazia muito sucesso entre as crianças e adolescentes e figurava como  compêndio nas escolas masculinas. Em 1908, B.P. concebeu o manual de adestramento intitulado “Escotismo Para Rapazes”. Em 1920, escoteiros de todas as partes do mundo reuniram-se em Londres, no 1º Jamboree Internacional, dando provas de que a escola de civismo idealizada por Baden Powell era sumamente importante para a educação dos jovens. No Brasil, o sucesso do movimento despontou a partir desse momento, mas as primeiras sementes já haviam sido plantadas por integrantes da Marinha de Guerra do Brasil que o conheceram em Londres, em 1910. No então Território Federal do Amapá, o Capitão Janary Nunes, governador dessa unidade federada era simpático ao movimento, tendo, inclusive, participado dele quando serviu no Estado do Paraná. Á Época, trabalhava em Macapá, ocupando a função de Inspetor de Ensino, o tenente Glicério de Souza Marques que também era chefe escoteiro. Janary Nunes o convidou para implantar o escotismo entre nós e mandou buscar em Belém dois jovens e promissores praticantes do movimento: Clodoaldo Carvalho do Nascimento e José Raimundo Barata. 

Flagrante fotográfico colhido em 1943, na frente da Prefeitura Municipal de Belém, ocasião em que os escoteiros foram apresentar suas despedidas ao Dr. Abelardo Condurú,que estava deixando o cargo de gestor municipal. Vários desses jovens escoteiros estiveram em Macapá, em setembro de 1945 e participaram da implantação do escotismo em nossa cidade.(foto contida no livro "Chefe Castelo, Escotismo e Feijianismo")
Os dois chegaram a Macapá no dia 20/8/1945, e imediatamente iniciaram suas atividades. A Associação de Escoteiros Veiga Cabral surgiu a 12/9/1945, contando com a presença de 22 jovens que integravam Federação Paraense de Escoteiros. Sob o comando do Capitão Castelo Branco presidente da citada entidade, os discípulos de BP chegaram a Macapá no dia 6 de setembro e aqui permaneceram até o dia 14. Desembarcaram no trapiche Eliezer Levy às 15 horas e, devidamente uniformizados, portando tambores, desfilaram pela ruas mais próximas do Rio Amazonas até o local do alojamento, situado na Rua Siqueira Campos (Mário Cruz), que correspondia a uma pensão mantida pela Madame Charlotte em um casarão que existia em frente à Prefeitura Municipal, que hoje abriga o Museu Histórico Joaquim Caetano da Silvas. As refeições eram feitas na mesma rua, na casa da senhora  Josefa Picanço, tratada por Tia Zefinha pelos macapaenses.


Os quatro chefes escoteiros que estão em pé são: Raimundo Rodrigues da Silva (Façanha/Tropa Marcílio Dias, modalidade Mar), José Raimundo Barata (Tropa Veiga Cabral), Expedito Cunha Ferro (Tropa São Jorge) e Clodoaldo Carvalho do Nascimento (Tropa Veiga Cabral). Agachados vemos cinco dos primeiros integrantes do Clã de Pioneiros do escotismo amapaense: José Vidal Picanço, Benedito Alves de Sá, José Pereira da Costa (Mimim),João Gualberto Tavares da Silva  e Luciano Pantoja. A foto integrava o acervo do chefe Clodoaldo quando obtive uma cópia. O original foi doado à Tropa Veiga Cabral.
 No dia 7 de setembro os escoteiros paraenses participaram do primeiro desfile cívico realizado na Fortaleza São José, que ainda passava por restauração. Na manhã do dia 12, na Praça Capitão Augusto Assis de Vasconcelos (Veiga Cabral), ocorreu a apresentação de despedidas dos escoteiros paraenses e a fundação da Tropa Veiga Cabral. A 1 de setembro de 1946, na manhã de um belo domingo de sol, no mesmo local, aconteceu um ato cívico organizado pela Associação de Escoteiros Veiga Cabral e pela Federação das Bandeirantes de Macapá para a apresentação de seus novos integrantes. Após a Santa Missa houve o hasteamento do Pavilhão Nacional. Às 08h10min, o chefe Clodoaldo Carvalho do Nascimento proferiu uma bela oração ao movimento escoteiro. Às 08h20min, os novos escoteiros prestaram juramento e receberam de seus paraninfos os símbolos do escotismo. As 08h40min ocorreu o mesmo com as bandeirantes e fadas.

Clássica fotografia batida na Fazendinha,onde se realizava antigamente a programação do dia 13 de setembro,alusiva a criação do Território Federal do Amapá(1943). A Guarda de Honra à Bandeira estava formada, na primeira fila, pelos chefes Luciano Pantoja,Clodoaldo Carvalho do Nascimento(com a bandeira) e José Raimundo Barata. Pedro de Carvalho Monteiro e Expedito Cunha Ferro figuram na segunda fila. Todos foram pioneiros.Ainda vive o chefe Barata,em Belém.
 A seguir, os escoteiros fizeram demonstração de ordem unida, aplicação de ataduras, comunicação pelo código Morse, demonstração de educação física, giro do pórtico, corrida da tartaruga e corrida de obstáculos. As bandeirantes também demonstraram o uso do código morse por apito e semáforo, números de educação física,corrida da batata, corrida de três pernas e jogo do canguru. Eram 36 escoteiros e 25 bandeirantes que faziam parte do Grupo Ana Nery. Coube ao Chefe Clodoaldo Nascimento a preparação dos escoteiros e lobinhos. 

Nesta fotografia copiada do livro "Chefe Castelo, Escotismo e Feijianismo", escrito por Charles de Senna Mendes, vemos o general Gonçalo Lagos Castelo Branco Leão,que assumiu a direção do escotismo,no Pará,em 1932.Formado em direito, nunca exerceu a profissão devido a sua condição de militar. Presidiu a Federação Paraense de Escoteiros até 12/9/1949,quando transformou-a em Federação Educacional Infanto Juvenil-FEIJ.Prestou relevantes serviços ao escotismo do Amapá.
O Chefe José Raimundo Barata, que ainda reside em Belém, ficou com o encargo de instruir os rapazes integrantes do Clã de Pioneiros. Ainda no dia 1º de setembro, à tarde, os escoteiros realizaram jogos de voleibol e basquete, práticas esportivas que começaram a ganhar adeptos na cidade. À noite ocorreu animada festa dançante na casa da senhora Carmem Mendes Machado, genitora do escoteiro José Mendes Machado, o Machadinho. Essa residência estava edificada na Avenida Presidente Vargas esquina com a Cândido Mendes.

Simbolismo Escoteiro


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