segunda-feira, 11 de março de 2013

DÁRIO CORDEIRO JASSÉ





                                DÁRIO CORDEIRO JASSÉ

                                                     Nilson Montoril
Primeiro desfile oficial realizado pela Associação de Escoteiros Marcilio Dias. A parada aconteceu na Fazendinha, área onde hoje está instalado o Parque de Exposições. O primeiro escoteiro da coluna do centro, após a Bandeira Nacional é o chefe Dário Cordeiro Jassé.
                         No dia 12/9/1945, ocorria em Macapá a instalação da Associação de Escoteiros Veiga Cabral. A iniciativa contou com o decisivo apoio do governador Janary Gentil Nunes que trouxe de Belém os chefes escoteiros Glicério de Souza Marques, Clodoaldo Carvalho do Nascimento e José Raimundo Barata. Eles não vieram apenas para fundar o escotismo entre nós,mas também desempenharem outras atividades como servidores públicos federais.Quase dois anos depois, no dia 13/7/1947, surgiria a Associação Marcilio Dias, modalidade mar, por iniciativa do professor de educação física e chefe escoteiro Dário Cordeiro Jassé. Nascido em Belém a 18/5/1921, o chefe Jassé era filho de José Jassé e Rita Cordeiro Jassé. Enquanto permaneceu em Belém residiu na Rua dos 48, por trás da Igreja da Santíssima Trindade e na Avenida 25 de setembro, nos fundos do Bosque Rodrigues Alves. Na capital paraense ministrou aulas de educação física em diversos estabelecimentos de ensino e integrou o movimento escoteiro. Convidado para trabalhar em Macapá, Dário Jassé aqui chegou em abril de 1947, sendo lotado na então Divisão de Educação e exercendo a função de Inspetor de Ensino. Fixou residência no bairro do Trem, onde a Prefeitura de Macapá havia concedido à associação que dirigia uma ampla área delimitada pelas Avenidas Cônego Domingos Maltez/Antônio Gonçalves Tocantins e pelas Ruas General Rondon/Eliezer Levy. De imediato foi demarcado um campo de futebol e iniciada a construção de um barracão. As instruções sobre o escotismo eram ministradas no Rivelim da Fortaleza São José.

No pentágono localizado à frente da Fortaleza, o chefe Dário Cordeiro Jasse ministrava os ensinamentos sobre  escotismo aos componentes do Grupo Marcilio Dias. As aulas sempre ocorriam a tarde e atraiam dezenas de curiosos, principalmente crianças.

 Casou com Raimunda Morais e com ela teve os filhos Carlos Fernando, Antônio Mário, Raimundo Sérgio e as filhas Célia e Regina. Em 1953, doente, o chefe Dário Jassé foi internado no Hospital do IPASE, no Rio de Janeiro, onde faleceu a nove de março. Seu corpo foi enterrado no cemitério São João Batista e governo do Amapá arcou com as despesas de seu funeral. Dário Jassé era o Comissário Regional da União dos Escoteiros do Brasil, no Amapá e Clodoaldo Nascimento o subcomissário. No dia 3/4/1953, às 10 horas, o Grupo Marcilio Dias prestou-lhe homenagens na área da entidade que fundara. Houve hasteamento da bandeira nacional e colocação de uma placa homenageando o extinto. O tenente Glicério de Souza Marques teceu breves comentários sobre a vida do Professor Jassé. Compareceram á solenidade: o Dr. Hildemar Pimentel Maia, governador em exercício, Heitor de Azevedo Picanço, presidente da União dos Escoteiros do Brasil - Regional do Amapá, Jacy Barata Jucá, presidente da Associação Marcilio Dias e Clodoaldo Carvalho do Nascimento, Comissário Regional substituto. Cantou-se a canção do silêncio e a valsa da despedida. Jacy Barata Jucá e Heitor Picanço desceraram a placa Dário Jassé com os dizeres: “Marcilio Dias, Campo Escola Dário Jassé”.
Foto da primeira Banda Marcial dos escoteiros do Amapá que puxou o desfile das bandeirantes e escoteiros das modadalidades terra e mar. O primeiro tambor da fila do centro era tocado pelo chefe Glicério de Souza Marques, membro da diretoria da Associação Veiga Cabral.
 Em 1958, o chefe Clodoaldo Nascimento foi ao Rio de Janeiro para providenciar a vinda dos despojos de Dário Jassé para Macapá, fato concretizado dia 17/11/1958, em avião do Lóide Aéreo Nacional. A urna mortuária, contendo na parte superior uma flor de lis, símbolo do escotismo, foi trasladada para a capela de São José, na Fortaleza de Macapá. Á época, ainda se falava na construção de um memorial destinado aos pioneiros da implantação do Território do Amapá e a urna contendo os restos mortais de Dário Jassé seria guardada no citado monumento juntamente com os despojos de Joaquim Caetano da Silva. Com o passar dos anos, muitos mentores da idéia deixaram o Amapá e ela foi fenecendo. Durante muito tempo as urnas de Joaquim Caetano e de Dário Jassé permaneceram na sacristia da capela da Fortaleza. Transferidas para outro edifício do velho forte, elas passaram a figurar como reserva técnica do Museu Histórico Joaquim Caetano da Silva. Atualmente, a urna do patrono do museu está guardada no prédio da antiga Intendência de Macapá. 
Nesta fotografia vemos cinco dos primeiros escoteiros do Território do Amapá. No sentido dos ponteiros do relógio destinguimos na linha de frente os chefes Luciano, Clodoaldo Nascimento e José Raimundo Barata. Na segunda fila estão Pedro Nolasco Monteiro e Expedito Cunha Ferro, o popular "91".
A urna de Dário Jassé permanece como “reserva técnica” e mantida na Fortaleza. Tenho estimulado os filhos do chefe Dário Jassé a requerê-la e sepultá-la em jazigo da família. Isso ainda não aconteceu, mas o artigo que ora publico poderá dirimir algumas dúvidas que os familiares do ilustre chefe escoteiro por acaso ainda conservam. Afirmo com absoluta convicção que os restos mortais contidos na urna que está sendo mantida na Fortaleza são de Dário Cordeiro Jassé. Eu vi a urna chegar a Macapá e acompanhei o féretro até a Fortaleza. Naquele dia 17 de novembro de 1958, eu estava entre os escoteiros macapaenses, pois integrava o Grupo São Jorge. Dentre os pioneiros do escotismo no Amapá, ainda está vivo o chefe Cláudio Carvalho do Nascimento que à época figurava como um dos dirigentes da Associação Veiga Cabral.
Momento em que a carreta que transportava a urna mortuária do chefe Dário Cordeiro Jassé estacionava no pátio central da Fortaleza de Macapá e o chefe Raimundo Façanha direcionava a roda dianteira esquerda do pequeno veículo no sentido da capela de São José. Do lado oposto, entre os escoteiros que empurravam o carro vemos o chefe Luciano. No interior da carreta há dois lobinhos do Grupo Marcilio Dias.O lobinho que está perto do chefe Luciano é o Urivino Bandeira, ainda vivo. Dentre as pessoas que recepcionaram o chefe escoteiro falecido identificamos o senhor Belarmino Paraense de Barros, de roupa branca e o Inspetor da Guarda Territorial  Ítalo Marques Picaço que faz a saudação escoteira. Observe que a urna mortuária estava na carreta e sobre ela foi postada uma flor de lis, o simbolo do escotismo.Esta urna ainda se encontra guardada no interior da Fortaleza.
 O Manoel Ferreira, o popular Biroba, que era um dos chefes dos escoteiros do mar também testemunhou o fato aqui narrado. Os familiares de Dário Cordeiro Jassé precisam ter em mente que “O Escoteiro tem uma só palavra; sua honra vale mais que sua própria vida”. O chefe Clodoaldo Nascimento jamais traria para Macapá os despojos que não pertencessem ao grande amigo falecido na então capital federal. Entretanto, se os familiares de Dário Jassé têm dúvidas de que os restos mortais não são de seu ente querido, que recorram ao exame de DNA.

Um comentário:

**Carlena Santos** disse...

Olá...Fico honrada pelo texto, Dário Jassé era meu avô...sou filha de Raimundo Sérgio também falecido...Carlena Morais