DÁRIO CORDEIRO
JASSÉ
Nilson Montoril
No dia 12/9/1945, ocorria em Macapá a
instalação da Associação de Escoteiros Veiga Cabral. A iniciativa contou com o
decisivo apoio do governador Janary Gentil Nunes que trouxe de Belém os chefes
escoteiros Glicério de Souza Marques, Clodoaldo Carvalho do Nascimento e José
Raimundo Barata. Eles não vieram apenas para fundar o escotismo entre nós,mas também desempenharem outras atividades como servidores públicos federais.Quase dois anos depois, no dia 13/7/1947, surgiria a
Associação Marcilio Dias, modalidade mar, por iniciativa do professor de
educação física e chefe escoteiro Dário Cordeiro Jassé. Nascido em Belém a
18/5/1921, o chefe Jassé era filho de José Jassé e Rita Cordeiro Jassé.
Enquanto permaneceu em Belém residiu na Rua dos 48, por trás da Igreja da Santíssima
Trindade e na Avenida 25 de setembro, nos fundos do Bosque Rodrigues Alves. Na
capital paraense ministrou aulas de educação física em diversos
estabelecimentos de ensino e integrou o movimento escoteiro. Convidado para
trabalhar em Macapá, Dário Jassé aqui chegou em abril de 1947, sendo lotado na
então Divisão de Educação e exercendo a função de Inspetor de Ensino. Fixou
residência no bairro do Trem, onde a Prefeitura de Macapá havia concedido à
associação que dirigia uma ampla área delimitada pelas Avenidas Cônego Domingos
Maltez/Antônio Gonçalves Tocantins e pelas Ruas General Rondon/Eliezer Levy. De
imediato foi demarcado um campo de futebol e iniciada a construção de um
barracão. As instruções sobre o escotismo eram ministradas no Rivelim da Fortaleza
São José.
Casou com Raimunda Morais e com ela teve os filhos Carlos Fernando,
Antônio Mário, Raimundo Sérgio e as filhas Célia e Regina. Em 1953, doente, o
chefe Dário Jassé foi internado no Hospital do IPASE, no Rio de Janeiro, onde
faleceu a nove de março. Seu corpo foi enterrado no cemitério São João Batista e
governo do Amapá arcou com as despesas de seu funeral. Dário Jassé era o
Comissário Regional da União dos Escoteiros do Brasil, no Amapá e Clodoaldo
Nascimento o subcomissário. No dia 3/4/1953, às 10 horas, o Grupo Marcilio Dias
prestou-lhe homenagens na área da entidade que fundara. Houve hasteamento da
bandeira nacional e colocação de uma placa homenageando o extinto. O tenente
Glicério de Souza Marques teceu breves comentários sobre a vida do Professor
Jassé. Compareceram á solenidade: o Dr. Hildemar Pimentel Maia, governador em
exercício, Heitor de Azevedo Picanço, presidente da União dos Escoteiros do
Brasil - Regional do Amapá, Jacy Barata Jucá, presidente da Associação Marcilio
Dias e Clodoaldo Carvalho do Nascimento, Comissário Regional substituto.
Cantou-se a canção do silêncio e a valsa da despedida. Jacy Barata Jucá e
Heitor Picanço desceraram a placa Dário Jassé com os dizeres: “Marcilio Dias,
Campo Escola Dário Jassé”.
Em 1958, o chefe Clodoaldo Nascimento foi ao Rio de
Janeiro para providenciar a vinda dos despojos de Dário Jassé para Macapá, fato
concretizado dia 17/11/1958, em avião do Lóide Aéreo Nacional. A urna mortuária,
contendo na parte superior uma flor de lis, símbolo do escotismo, foi
trasladada para a capela de São José, na Fortaleza de Macapá. Á época, ainda se
falava na construção de um memorial destinado aos pioneiros da implantação do
Território do Amapá e a urna contendo os restos mortais de Dário Jassé seria
guardada no citado monumento juntamente com os despojos de Joaquim Caetano da
Silva. Com o passar dos anos, muitos mentores da idéia deixaram o Amapá e ela
foi fenecendo. Durante muito tempo as urnas de Joaquim Caetano e de Dário Jassé
permaneceram na sacristia da capela da Fortaleza. Transferidas para outro edifício
do velho forte, elas passaram a figurar como reserva técnica do Museu Histórico
Joaquim Caetano da Silva. Atualmente, a urna do patrono do museu está guardada
no prédio da antiga Intendência de Macapá.
A urna de Dário Jassé permanece como
“reserva técnica” e mantida na Fortaleza. Tenho estimulado os filhos do chefe
Dário Jassé a requerê-la e sepultá-la em jazigo da família. Isso ainda não
aconteceu, mas o artigo que ora publico poderá dirimir algumas dúvidas que os
familiares do ilustre chefe escoteiro por acaso ainda conservam. Afirmo com
absoluta convicção que os restos mortais contidos na urna que está sendo
mantida na Fortaleza são de Dário Cordeiro Jassé. Eu vi a urna chegar a Macapá
e acompanhei o féretro até a Fortaleza. Naquele dia 17 de novembro de 1958, eu
estava entre os escoteiros macapaenses, pois integrava o Grupo São Jorge.
Dentre os pioneiros do escotismo no Amapá, ainda está vivo o chefe Cláudio
Carvalho do Nascimento que à época figurava como um dos dirigentes da
Associação Veiga Cabral.
Um comentário:
Olá...Fico honrada pelo texto, Dário Jassé era meu avô...sou filha de Raimundo Sérgio também falecido...Carlena Morais
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