quinta-feira, 16 de agosto de 2012


SÃO JOSÉ DE BOTAS

POR NILSON MONTORIL
Imagem de São José de Botas que os portugueses mantinham na entrada e na capela de suas fortalezas. Nesta imagem,  São José está sem o menino Jesus no colo e o calado colocado em sua mão esquerda é mais sofisticado. Entretanto, há imagens que mantem a representação tradicional do santo esposo de Maria.
 
                                                Algumas imagens de SÃO JOSÉ, pai putativo de JESUS CRISTO, mostram o humilde carpinteiro usando botas. Acredita-se que a inovação pretende lembrar a condição de caminhante que ele desempenhou ao fugir para o Egito, levando sobre o lombo de um burro Maria e o menino Jesus. No tempo em que José viveu na Palestina, era comum o uso de sandálias. Apenas as pessoas portadoras de bons recursos e os romanos usavam calçados feitos com maior requinte. Estes calçados tinham sola grossa e alta, protegendo os pés e chegavam até no meio das pernas.
Na antiga Grécia, os deuses eram retratados usando este tipo de calçado, denominado kóthournos. Este tipo de bota se atava pela frente e era usado sobre tudo pelos atores trágicos. O kóthourno era uma espécie de calçado simbólico de alta dignidade, destinado aos deuses, semi-deuses e heróis lendários. Os romanos, notadamente os militares de alta patente, os magistrados e os nobres o adotaram, denominado-o cothurno. Os franceses também agiram da mesma forma, imitando os neerlandeses, que se referiam ao calçado como brozekem, evoluindo, no francês antigo para brosequim. Em português, a palavra passou a ser escrita borzeguim, isto é, uma botina cujo cano é fechado com cordões.
A idéia de perpetuar a imagem de São José trajando botas deve ter ganhado reforço nos quartéis militares portugueses, onde se exigiam dos freqüentadores, bilhetes denominados “santo e senha”, em que se anotava a senha com o nome dum santo, para reconhecimento do portador. O bilhete funcionava como sinal previamente combinado para se conhecer, sem indiscrição, quem era partidário e quem era adversário. Assim, muitos adotavam a palavra botas como senha e José, como santo. Em decorrência do hábito surgiram São João das Botas, São Miguel das Botas, etc.

Segundo relatam antigos moradores de Macapá, havia uma imagem de SÃO JOSÉ no frontispício do portão principal da Fortaleza. O dedicado esposo de Maria Santíssima estava representado com botas. No altar da capela havia outra imagem regularmente confeccionada, onde o santo aparecia usando sandálias rústicas. Conta-se que, depois que a Fortaleza foi desartilhada, na década de 1920, a imagem de SÃO JOSÉ DE BOTAS foi retirada do frontispício do portão principal e transferida para a Igreja Matriz, sendo colocada no altar mor, na primeira banqueta, à frente de SÃO JOSÉ padroeiro da cidade. Por obra de alguém que não suportava ver a fachada do forte sem a presença do santo de botas, a imagem sempre reaparecia no espaço tradicional. Muitos fiéis tomavam este fato como milagre, menos o Padre Júlio Maria Lombaerd, que teria descoberto o autor da marmotice e lhe passou um descompostura federal.


Gravura de São José de botas, tendo à mão direita um ramo de lirio, a flor que o caracteriza como o homem justo  escolhido pela providência divina para ser o esposo de Miriam ou Maria, a mãe de Jesus Cristo. Na época do Brasil colonial, essa gravura era a representação do santo tido como senhor patriarcal dos homens bons,brancos e livres.
São José de botas talhada pelo Alejadinho

A comunidade católica reverencia SÃO JOSÉ em duas importantes datas: 19 de março e 1º de maio. Nesta segunda data é evidenciada a condição de operário do santo. Dia 1º de maio é o dia do Trabalho e de SÃO JOSÉ oe quem era adversdeve ter ganhonhecer, sem indiscriçnha, em que se anotava a senha com o nome dum santo, para reconhecimentoo de caminhante que ele desempenhou ao fugir para o Egito, levando perário. Valendo-se da profissão de carpinteiro, José, filho de Jacó e neto de Matam, conseguiu promover o sustento de sua família. Mesmo sendo pai putativo de Jesus Cristo, aceitou com resignação a missão que lhe foi confiada por Deus. José era bem mais velho que Maria. Mesmo assim, com absoluta humildade, cumpriu a missão de ser considerado o protetor e suposto pai do Salvador. Em sua rústica oficina, trabalhando em obras grosseiras de madeira, aparelhava as peças que outros encomendavam. Manuseando a serra, a enxó, a plaina, o prumo, o martelo, o esquadro, a régua, o grampo, a vara ou a fita métrica, era sobejamente conhecido em Nazaré.
                                                              
 Esta cidade de Macapá, inicialmente identificada pelos portugueses como Lugar, passou à denominação São José de Macapá em homenagem ao santo e ao Rei D. José I, vigésimo quinto monarca de Portugal, filho de D. João V e da rainha D. Marianna de Áustria. D. José nasceu em Lisboa e governou a terra lusitana e seus domínios entre 1750 e 1777. Fortificou sua administração ao nomear como Ministro o Marques de Pombal, Sebastião José de Carvalho e Melo. Pombal dirigiu os negócios públicos da coroa realizando formidáveis reformas e devolveu a Portugal alento e vida. No reinado de D. José, o Governador do Grão Pará, Francisco Xavier de Mendonça Furtado, irmão do Marques de Pombal, fundou o povoado de Macapá, em 1751 e o elevou à categoria de vila em 1758, com o rótulo São José de Macapá. Com o passar do tempo o nome do santo foi suprimido e o vocábulo indígena evidenciado. Se tivesse sido mantida a denominação original, a capital do Estado do Amapá seria São José de Macapá, tal qual as seguintes cidades brasileiras: São José dos Barreiros (São Paulo), São José da Boa Vista (Paraná), São José dos Campos (São Paulo), São José da Lage (Alagoas), São José dos Matões (Maranhão), São José do Mipibu (Rio Grande do Norte), São José do Norte (Rio Grande do Sul), São José do Paraytinga (São Paulo), São José do Paraíso (Minas Gerais), São José dos Pinhais (Paraná), São José das Piranhas (Paraíba), São José do Rio Pardo (São Paulo), São José do Tocantins (Tocantins) e São José do Rio Preto) (São Paulo).

                                                José é nome bíblico. Vale lembrar José, filho de Jacó e Rachel, que o concebeu por graças de Deus, uma vez que era estéril. A história de José é muito interessante e está contada em Gêneses, um dos livros Pentateuco. Vendido por seus irmãos e levado para o Egito, foi ministro do faraó e mandou buscar os israelitas para o país do Gessen. Durante muito tempo foi tido como santo, mesmo sem ter sido beatificado. É São José do Egito, venerado por considerável número de católicos, sendo o patrono da cidade de São José do Egito, em Pernambuco. Não estranhe o termo putativo que estou usando neste relato. A palavra vem do latim “putativu”, e significa que aparenta ser verdadeiro, legal e certo, sem o ser; suposto, reputado. Os escritos feitos pelos evangelistas, romanos e escribas israelitas, referem-se a Jesus Cristo com o filho do carpinteiro. 

A imagem acima é mais rica em termos de detalhes, inclusive com o menino Jesus sustentando o globo terrestre sobre a palma da mão esquerda. Observe o coturno ou bota de cano longo que está retratada na perna esquerda da imagem.


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