quarta-feira, 11 de julho de 2012




  MOISÉS ELIEZER LEVY

                                          Por Nilson Montoril

Painel contendo fotografias que datam de 1/12/1918, relativas ao cortejo de carros alegóricos pró criação do Estado de Israel realizado naquele dia. No carro intitulado "Palestina", em destaque, sentada em um trono e usando um longo vestido nas cores azul e branco ia a jovem Haila. Atrás dela aparecem o Major Levy (sentado) e Abhaham Ribinik(em pé). As corres da Estrela de Davi predominaram no cortejo. As outras duas fotografias do painel mostram Moisés Eliezer Levy.(livro Judeus no Brasil).
                        Em 1870, várias famílias de ascendência israelita, cujos integrantes viviam em Casablanca e Rabat, no Marrocos, migraram para o Brasil e se estabeleceram no Estado do Pará. Entre os migrantes provenientes de Rabat estava o casal judeu marroquino Moisés Isaac Levy e sua esposa. Os judeus vindos do Marrocos eram recebidos em Belém por membros das famílias Nahon, Serfatty,Israel e Roffé que já residiam na cidade porque tinham negócios com empresas inglesas e francesas.Em 29 de setembro de 1877, nascia em Belém mais um rebento, Moisés Eliezer Levy.Este nome é muito significativo do ponto de vista histórico. Moisés é Moshe em hebraico, e foi dado em homenagem ao grande líder que retirou os hebreus do cativeiro no Egito. Moisés foi membro da tribo bíblica de Levi, cujos integrantes tinham funções distintas no Templo. Moshe, entretanto, não era descendente de Arão. Eliezer lembra o segundo filho de Moisés e Zipora e significa “o que Deus ajuda”, O nome também faz lembrar Eliezer de Damasco, filho de Niulore, e cabeça do patriarca da casa de Abraão, citado no livro Gêneses e Eliezer, o Profeta.
Fotografia tirada no interior do atual prédio da Sinagoga de Belém, "Shaar Hashamayan"contruida pelo engenheiro Judah Eliezer  Levy, filho do Major Eliezer Levy. A primeira casa de orações foi instalada em 1824, na residência de José Banjó, à Rua do Pelourinho, atual 7 de Setembro, cujo líder era Abraham Acris. A sinagoga "Eshel Abraham"(Bosque de Abrão) foi a primeira do Brasil Império. A segunda sinagoga, a "Shaar Hashamaim( Porta do Céu), surgiu em Belém, em 1889,por iniciativa de Leão Israel.

 Após quase dez anos de aclimatação, passados em Belém, o casal foi residir na Ilha Grande de Gurupá, onde Moisés Isaac Levy se dedicou ao comércio, obtendo bons lucros com a compra e venda da borracha. O menino Eliezer Levy iniciou seus estudos em Gurupá e os concluiu na capital do Pará. Sua genitora integrava a dinastia rabina de Dadela (D’avila), cujo membro mais famoso era o Rabi Eliezer Dadela, cognominado a “Luz do Ocidente” (Ner há-Maarabi). Em 21 de março de 1900, aos 23 anos de idade, seguindo a tradição da fidelidade religiosa, judeu casa com judeu, Eliezer Levi casou com Esther Levy Benoliel, então com apenas 13 anos de idade, filha de David e Beliza Benoliel, descendentes de ilustre família judaica do Marrocos que residiam na cidade de Cametá. O casal teve sete filhos, entre eles a escritora Zultana Levy Rosenblatt.  Ele também se dedicou ao comércio e montou sua própria firma comercial, a E. Levy & Cia-Comissões e Consignações. A partir de 1910, integrou a empresa Majus Ruber Company e depois gerenciou a firma C. B. Merlin, constituída por italianos e voltada para a navegação. Formou-se em direito e, no período de 1918 a 1926, passou trabalhar no escritório de advogacia de Francisco Jucá Filho e Álvaro Adolfo da Silveira. Francisco Jucá era Procurador Geral da República no Pará e Álvaro Silveira exercia o cargo eletivo de deputado estadual e chefe do Partido Conservador. Neste espaço de tempo Eliezer Levy também já atuava na política paraense como filiado do Partido Republicano Federal. Graças a sua intermediação, o escritório prestou relevante apoio às entidades hebraicas com serviços de datilografia e orientações para melhor condução das discussões sionistas. Foi importante membro da Grande Loja Maçônica do Pará, chegando ao grau 33 e sendo elevado à condição de Grande Benemérito de sua ordem. Sempre ligado as questões sociais e comunitárias, fundou uma escola para moças denominada Dr. Weizzman. Cerca de 60 jovens passaram pelo aludido estabelecimento de ensino, do qual o major Eliezer Levy era o diretor.

Este flagrante fotográfico é da década de 1950, mostrando o Trapiche Eliezer Levy totalmente reformado.Observa-se que o muro de arrimo da frente da cidade no sentido do Igarapé das Mulheres ainda não havia sido construido.Ao longo do trapiche, no lado esquerdo, havia duas escadinhas que levavam à praia.Á direita ficava a carga não perecivel destinada aos órgãos governamentais. Vemos em preto, um tanque para ar,azenas conbustível, que era destinado à Usina de Força e Luz .Construido no decorrer da primeira gestão do major Eliezer Levy à frente da Intendência Municipal a partir de 1932, a longa ponte serviu de atracoradouro de embarcações  e local para embarque e desembarque de cargas e passageiros.(Foto emprestada do blog do João Lázaro)

A unidade escolar tinha currículo oficial no curso primário e ensino hebraico e profissionalizante ou técnico para as meninas poderem ser donas de casa eficientes e prendadas. O corpo docente estava assim constituído: Moisés Binlolo lecionava hebraico; Luza Cerdeira ensinava bordado à máquina; a senhorita Sarah Rofé ministrava as aulas do curso primário; a senhorita Anna Ismael Nunes conduzia as aulas de renda à mão, contando com o auxilio da senhorita Annita Levy, filha mais velha do diretor da escola. No dia 1º de dezembro de 1918, Eliezer Levi liderou a comunidade judaica de Belém numa expressiva manifestação pública a favor da “Declaração Balfour”. Ele próprio participou do belo cortejo de carros alegóricos externando os mesmos anseios que os judeus desenvolviam em todo o mundo visando à liberdade da Palestina. No seu carro, muito bem ornamentado, o major Eliezer Levy estava ao lado de seu amigo Abraham Ribinik, postado atrás de uma espécie de trono que evidenciava a beleza da jovem Haila. Esta senhorita era a filha primogênita do major, conhecida na intimidade familiar como Annita ou Alita. Á frente do carro constava uma faixa com os dizeres “Salve Palestina Livre”. Outras duas importantes iniciativas de Eliezer Levi foram: a fundação do Comitê “Ahavat Sion”, ou Amor a Sião, em português e o jornal “Kol Israel” (A Voz de Israel), que circulou de 8 de dezembro de 1918 a 1933. Desde o ano de 1922, Eliezer Levy. O Comitê Israelita do Pará surgiu em 1918, substituindo a Sociedade Guemilut Hassadim Shel Ribi Shimon Bar Yochai,fundada em 1890.
O barco regatão que vemos acima, o "Levy III" pertenceu a Samuel Levy, filho de Isaac Moisés Levy e da amazonense Cândida Ferreira Gato. Os Levy do Amazonas são parentes dos outros Levy procedentes de Tânger, no Marrocos. Samuel Levy também era proprietário do Bar Panorama. Ele aparece na proa do barco.
                        Eliezer Levy sabia que as questões de ordem institucional só podem ser resolvidas e definidas por via política. Por essa razão, participou da política paraense, tornando-se amigo e correligionário de Magalhães Barata. Em 1932, à conta desta amizade e militância política, Eliezer Levy, já ostentando a patente de coronel da Guarda Nacional foi nomeado intendente do município paraense de Macapá, permanecendo no cargo até 10 de fevereiro de 1936, ocasião em que tomaram posse o primeiro prefeito eleito de Macapá, Francisco Alves Soares e sete vereadores. Em 10 de novembro de 1937, em decorrência do golpe do “Estado Novo”, Getúlio Vargas, Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil, extinguiu os partidos políticos e fechou o Congresso Nacional, as Assembléias Legislativas e as Câmaras Municipais. Conseqüentemente, o prefeito e os vereadores perderam seus mandatos. Entre novembro de 1937 e setembro de 1942, revezaram-se na Prefeitura, por um breve período, Francisco Porfírio Soares, Secundino Braga Campos, Hermes de Azevedo Mendes, João Ferreira de Sá e Silvio Ferreira de Sá. Em setembro de 1942, o coronel Moises Eliezer Levi voltava a dirigir a comuna macapaense. Dia 1º de julho de 1944, foi substituído pelo Dr. Odilardo Silva. Graças a seu empenho, foi construído o trapiche de Macapá, erguido o mercadinho “2 de Julho”, abertos os primeiros 25 quilômetros da estrada Macapá-Clevelândia, erigida a capela de Nossa Senhora da Conceição no cemitério São José e feitos outros melhoramentos na cidade. Em 1934, deu total apoio à comunidade católica para a implantação do Círio de Nazaré em Macapá. Ele ainda foi prefeito de Afuá. Faleceu em Belém, dia 1º de janeiro de 1947, com  pouco mais de 69 anos de idade.


A fotografia aérea em destaque é do final da década de 1970, e foi tirada por Humberto Cruz, proprietário do Foto Galeria, à época o mais famoso de Macapá. Rm primeiro plano vemos o Estaleiro Naval Territoruial com sus trilhos para guindar embarcações para reformas, o inicio da Av.Padre Júlio Lombaerd ja aterrado, as casas da Rua da Praia, o inicio da Av. Profª. Cora de Carvalho, o Macapá Hotel, a Rua Visconde de Souza Franco e o inicio da Av. Siqueira Campos(Mário Cruz). Ao lado do hotel ainda podia ser visto o prédio do Mercadinho "2 de Julho".A Praça Veiga Cabral tinha uma parte urbanizada ,mas a área que abriga o Teatro das Bacabeiras ainda estava limpa. Observe ao longe a pista do atual aeroporto de Macapá, construida em 1958, pelo Governador Pauxy Nunes. O trapiche Eliezer Levy tinha iluminação em suas laterais e a "cabeça da ponte" era larga, favorecendo a manobra de carros.Havia 10 embarcações do governo atracadas na ponte.


Nenhum comentário: