sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

TROPAS DO PARÁ OCUPAM A GUIANA FRANCESA


      Nilson Montoril

Pintura em tela que retrata o desembarque corpo de fuzileiros-marinheiros, embrião dos fuzileiros navais do Brasil, em Caiena. Ao fundo, a fragata "Confianse" bombardeia posições francesas. No dia 14 de janeiro de 1809, ocorreu o batismo de fogo dos fuzileiros navais. A 31/7/1809, o 32º Grupo de Artilharia e Cajmpanha do Exército se transformu no Corpo de Artilharia da Corte. Os fuzileiros navais possuem atualmente o Grupamento Caiena em homenagem a campanha de 1809.

                        No dia 14 de janeiro de 1809, tropas brasileiras que haviam saído de Belém no dia 27 de outubro de 1808, composta por 751 homens, ocupavam a cidade de Caiena aprisionando as principais autoridades francesas, inclusive o governador Victor Hugues. Este feito é considerado o batismo de fogo do Corpo de Fuzileiros Navais, criado em Lisboa a 28 de agosto de 1787, e que chegou ao Brasil a 7 de março de 1808, seguindo a Família Real lusitana que fugira das tropas de Napoleão Bonaparte. A ordem para desencadear a operação bélica partiu do Príncipe Regente D. João, que então geria os negócios da Coroa, devido à demência de sua mãe, a rainha Maria I. A declaração de guerra à França ocorreu no dia 1º de maio de 1808, como represália portuguesa a atitude de Napoleão que mandou tropas francesas invadir Portugal. O contingente luso-brasileiro estava sob o comando do tenente-coronel Manoel Marques e foi organizado em Belém pelo tenente-general José Narciso de Magalhães e Menezes que, em 1808, era o governador do Pará. Na época a província estava com reduzida capacidade financeira, fato que levou o capitão-general a assinar uma subscrição que ele próprio iniciou doando seis contos de réis. O restante dos recursos destinados ao pagamento de uma tropa de voluntários foi obtido junto às pessoas de bons recursos que residiam na capital paraense. Não há registro quanto à importância arrecadada, mas ela foi bem expressiva. Além da constituição de uma força terrestre, os lideres da expedição mobilizaram uma frota naval integrada pela escuna “General Magalhães” com 12 peças de artilharia de pequeno calibre; pelos dos brigues “Leão”, “Vingança” “Ninfa” e “Narciso”, cada um com 8 peças; 2 cúteros com 8 peças cada; 3 barcaças canhoneiras; 1 sumaca; 1 lancha e 1 iate. A oito de outubro a expedição partiu de Belém com 400 soldados, aportando na Vila de Breves para embarcar mais  100 homens do 2º Regimento de Infantaria ali aquartelado. No dia 12 de novembro os expedicionários atingiram o Cabo Norte, onde encontraram a corveta “Confiance” da Marina Real Britânica que tinham saído do Rio de Janeiro acompanhada pelos cúteros “Voador” e “Infante D. Pedro”, ambos da Marinha Portuguesa, transportando cada um 18 fogos. Esta frotilha estava sob o comando do oficial inglês James Lucas Yeo e transportava mais de 300 fuzileiros-marinheiros luso-brasileiros.
James Lucas Yeo, oficial da Marinha Britânica que serviu aos interesses de Portugal na invasão da Guiana Francesa.Na época ele tinha 27 anos de idade e já acumulava bastante pretigio.Em 1809, possuia a patente de capitão e foi sagrado cavaleiro e recebeu a medalha de ouro da Ordem do Cavaleiro Companheiro do Banho. D. João lhe conferiu o titulo de Cavaleiro Comandante da Ordem de São Bento Português d"Avis. Morreu a 8/9/1817, aos 35 anos, de "debilidade geral" a bordo da fragata Samiramis quando retornava da Jamaica para Londres.Tinha a saúde precária em decorrência da malária


                           Na fragata “Confiance”, além da tripulação, viajavam 150 marinheiros ingleses. No dia 1º de dezembro, na foz do Rio Oiapoque, a expedição traçou o plano de ataque, realizando o primeiro embate no dia 15 às margens do Rio Aproak, onde aprisionou a escuna guianense “Petit Adele”. Dias mais tarde apressou a escuna “Creole”, logo incorporada à frota luso-brasileira com o nome de “Lusitânia”. No dia 6 de janeiro de 1809, cerca de 300 homens conquistaram o forte Diamante, edificado no Rio Maroni. Em seguida ocorreram as conquistas dos fortes “Dégrad des Cannes” (sete de janeiro) e Trió (oito de janeiro), ambos eretos na ilha de Caiena. A partir do dia 9, com o recuo dos franceses, teve inicio a marcha decisiva sobre a capital da Guiana. 
A fragata "Confiance" comandada por James Lucas Yeo era semelhante a fragata "Recherche" que nesta gravura aparece em primeiro plano. A outra fragata, que segue a a Recherche, tinha o nome de "Esperance".As duas embarcações integravam a frota da marinha francesa, em 1824. O poderio de fogo de cada uma delas era de 26 canhões de calibres diversos. As fragatas era navioes rápidos e elegantes com três mastros, sete velas e duas bujarronas

                             Como o governador Victor Hugues não aceitou a proposta de rendição apresentada pelos invasores, a invasão da possessão francesa tornou-se inadiável. Na tarde do dia 12 de janeiro de 1809, o governador Victor Hugues se rende e, em Bourgarde, assina a rendição. Caiena foi totalmente dominada no dia 14 de janeiro. Para governar a Colônia de Caiena e Guiana, o Príncipe D. João designou. João Severiano Maciel da Costa, nascido em Mariana, Minas Gerais e formado em Direito pela Universidade de Coimbra. Antes de assumir a nova função, João Severiano ocupava o cargo de Desembargador do Paço, no Rio de Janeiro. 

Ilustre personagem que governou Caiene com muita competência. Era mineiro, naturam de Mariana, onde nasceu a 27/12/1769. Formou-se em  Direito na Universidade de Coimbra, em Portugal, retornando ao Brasil após a conclusão do curso. Em 1809, era Desembargador do Paço, no Rio de Janeiro quando recebeu a imcumbência de atuar como Intendente de Caiena. Cumpriu sua missão no período de 1809 a 1817. Depois foi Ministro do Império e do Estrangeiro.Faleceu no Rio de Janeiro em 19/11/1833, com 64 anos de idade.

                        Durante o período de 14 de janeiro de 1809 a 21 de novembro de 1817, ele governou Caiena desenvolvendo um belo trabalho. Por força do Tratado de Paris de 30 de maio de 1814, assinado pelas nações que derrotaram Napoleão Bonaparte, a Guiana Francesa deveria ser devolvida à França que então era governada pelo Rei Luiz XVIII. Os franceses pretendiam que a decisão fosse cumprida imediatamente, mas os portugueses só o fizeram a 21 de novembro de 1817. Para administrar a possessão na América do Sul, Luiz XVIII nomeou o conde de Claude Carra de Saint-Cyr, major-general da França e homem de sua extrema confiança.
Major-general Claude Carra, emérito oficial militar de imenso prestigio e glória na França.Em 1794, destacou-se como general da Revolução Francesa. Atuou na Guerra da Independência dos Estados Unidos da América, apoiando os norte-americanos e chegou a comandar tropas francesas em guerras revolucionárias e guerras napoleônicas. Apartou-se de Napoleão Bonaparte em 1813. Desde 1813, ostentava  o titulo de Grande Oficial da Legião de Honra. Foi sagrado Cavaleiro e Barão de Sainte Cyr, Conde e Cavaleiro de Saint Louiz, Barão do Império Frances. São tantos os seus méritos mlitares, que seu nome está gravado no Arco do Triunfo, em Paris. Governou a Guiana Francesa de 1817 a 1819, preparando-a militarmente para evitar que fosse novamente ocupada.

                              A força bélica mobilizada contra Caiena contava com um ótimo poderio militar. A escuna “General Magalhães” era a capitânea das tropas paraenses e tinha o tenente coronel Manoel Marques no comando. A fragata “Confiance” estava equipada com 26 canhões e havia sido tomada da marinha francesa pelo capitão James Yeo em 4 de junho de 1805. Naquela oportunidade ele comandava a fragata “Loire” e o apressamento se deu no porto de Muros, na Espanha. O brigue “Voador” viajava sob comando de José Antônio Salgado, e o brigue “Infante D. Pedro” tinha a comandá-lo Luiz da Cunha Moura. Os brigues “Vingança”, “Leão”, “Ninfa” e ‘Narciso” eram comandados pelo tenente Manoel Luiz de Melo). 

Brigue portugues do Século XVIII que ajudou a transportar a Familia Real Portugues para o Brasil em 1808. Embarcação que possuia dois mastros, sete velas, uma bujarrona e navegava com 18 peças de artilharia a bordo

Soldado da Real Brigada da Marinha Portugues. Trezentos combatentes deste corpo de combate integraram o contingente que participou da ocupação de Caiena.



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