Por Nilson Montoril
Os colonizadores portugueses rotulavam como doenças de mau caráter a malária, o sarampo, a varíola e as febres motivadoras de diarréias sanguinolentas. A malária manifestou-se desde o inicio da colonização do Brasil. Já em 1549, o Padre Manuel da Nóbrega se referia à malária como terçã (ou febre terçã, que se repetia a cada três dias) quartã, sezão, maleita, paludismo e carneirada. O primeiro surto de varíola ocorreu no período de 1561 a 1565, irrompendo principalmente na Bahia, se alastrando por São Paulo de Piratininga. O Padre Leonardo do Vale, que exercia suas atividades sacerdotais na Bahia, registrou que a varíola matava tanta gente que não havia quem se dispusesse a cavar covas fundas com medo de ser contaminado pela terrível doença. Alguns corpos eram enterrados sob monturos e ao redor das casas. Tão mal enterrados que os porcos os descobriam e comiam. Os indivíduos que os sepultavam eram contaminados e morriam a mingua No decênio de 1580, conforme registrou Gabriel Soares de Souza a malária marcou sua presença entre os indígenas. Desprovidos de recursos médicos utilizados pelos portugueses, os índios buscavam a cura alimentando-se de mingau de farinha de carimã e untando-se com água de jenipapo. Acredita-se que a malária chegou ao Brasil trazida pelos navios que transportavam escravos. Julgavam que sim porque Angola estava sujeita às mesmas carneiradas, com que morrem muita gente.
Em 1662, uma epidemia de varíola teve inicio no Maranhão e se espalhou pelo litoral brasileiro até São Paulo. Só no porto de Santos ela vitimou um terço da população. Na Bahia, entre os anos 1680 e 1684, o surto de varíola foi considerado castigo do céu. A doença atingiu em cheio principalmente as famílias numerosas, com até 50 pessoas, que viviam em casas pequenas e dormiam amontoadas. Também pereceram escravos e agregados. No Pará, a varíola surgiu de maneira fulminante nos anos de 1720, 1724, 1740, 1743 a 1749. Foi tão agressiva que ceifou a vida de 40 mil pessoas. Conhecida como a peste das “bexigas”, a varíola marcou sua passagem pelo Maranhão, em 1724,, 1730, 1785-1787 e 1799. Em Pernambuco em 1705 a 1715 e 1793. Na Bahia em 1732 a 1733. Em São Paulo em 1723 a 1730, 1741 a 1744, 1761 e 1798. Em Goiás em 1771.
A resposta pode estar no fato de as elites portuguesas, formada pelos intelectuais, ficarem tomadas de verdadeiro pavor quando se falava em mudar a situação do Brasil colônia. Isto porque a mudança poderia tirar o povo desvalido da dominação dos poderosos. O Estado português via o Brasil como uma fonte perene de renda. O povo que o habitava ficava a mercê do sentimento do rei. Todos dependiam da sua bondade. No Estado do Grão Pará, por volta de 1752, o governador Francisco Xavier de Mendonça Furtado rogava ao Marques de Pombal, seu irmão e primeiro ministro do rei, que o tirasse do Brasil assim que completasse três anos de gestão. Mendonça Furtado dizia que se achava cercado de “miseráveis ignorantes”. Ele permaneceu como governador do Pará até 1759, deixando o cargo para ser o titular dos Negócios Ultramarinos de Portugal. Enfrentou muitos problemas,mas soube lidar com os mais incisivos.
O citado governador chegou a Belém em setembro de 1751 e encontrou a população enfrentando uma epidemia de varíola, cujo inicio se deu em 1750, e continuou implacável até 1758. Em março de 1752, ao visitar o povoado de Macapá, que mandara instalar em novembro de 1751, Mendonça Furtado soube que oitenta moradores tinham morrido vitimados por febres e diarréia sanguinolenta. Os açorianos eram maioria entre os mortos. Índios e negros cativos também pereceram. À época, só os mortos ilustres eram enterrados nas igrejas, deixando o interior dos templos dominado pela podridão dos cadáveres.
Em 1662, uma epidemia de varíola teve inicio no Maranhão e se espalhou pelo litoral brasileiro até São Paulo. Só no porto de Santos ela vitimou um terço da população. Na Bahia, entre os anos 1680 e 1684, o surto de varíola foi considerado castigo do céu. A doença atingiu em cheio principalmente as famílias numerosas, com até 50 pessoas, que viviam em casas pequenas e dormiam amontoadas. Também pereceram escravos e agregados. No Pará, a varíola surgiu de maneira fulminante nos anos de 1720, 1724, 1740, 1743 a 1749. Foi tão agressiva que ceifou a vida de 40 mil pessoas. Conhecida como a peste das “bexigas”, a varíola marcou sua passagem pelo Maranhão, em 1724,, 1730, 1785-1787 e 1799. Em Pernambuco em 1705 a 1715 e 1793. Na Bahia em 1732 a 1733. Em São Paulo em 1723 a 1730, 1741 a 1744, 1761 e 1798. Em Goiás em 1771.
Cemitério ao lado da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Minas Gerais. |
A resposta pode estar no fato de as elites portuguesas, formada pelos intelectuais, ficarem tomadas de verdadeiro pavor quando se falava em mudar a situação do Brasil colônia. Isto porque a mudança poderia tirar o povo desvalido da dominação dos poderosos. O Estado português via o Brasil como uma fonte perene de renda. O povo que o habitava ficava a mercê do sentimento do rei. Todos dependiam da sua bondade. No Estado do Grão Pará, por volta de 1752, o governador Francisco Xavier de Mendonça Furtado rogava ao Marques de Pombal, seu irmão e primeiro ministro do rei, que o tirasse do Brasil assim que completasse três anos de gestão. Mendonça Furtado dizia que se achava cercado de “miseráveis ignorantes”. Ele permaneceu como governador do Pará até 1759, deixando o cargo para ser o titular dos Negócios Ultramarinos de Portugal. Enfrentou muitos problemas,mas soube lidar com os mais incisivos.
O citado governador chegou a Belém em setembro de 1751 e encontrou a população enfrentando uma epidemia de varíola, cujo inicio se deu em 1750, e continuou implacável até 1758. Em março de 1752, ao visitar o povoado de Macapá, que mandara instalar em novembro de 1751, Mendonça Furtado soube que oitenta moradores tinham morrido vitimados por febres e diarréia sanguinolenta. Os açorianos eram maioria entre os mortos. Índios e negros cativos também pereceram. À época, só os mortos ilustres eram enterrados nas igrejas, deixando o interior dos templos dominado pela podridão dos cadáveres.
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