quarta-feira, 28 de setembro de 2011

UMA FILHA DE CABRALZINHO VISITA O AMAPÁ


            Por  Nilson Montoril

Sra. Altamira Cândida da Veiga Cabral Cacela, terceira filha do Héroi do Amapá Francisco Xavier da Veiga Cabral, tirada em 1984, na cidade de Belém, pelo Jornalista Aluisio Brasil que a doou para meu acervo histórico.

                        No inicio do mês de julho de 1950, o Governador Janary Gentil Nunes formulou convite a Sra. Altamira Cândida da Veiga Cabral Cacela para que ela viesse conhecer Macapá, capital do Território Federal do Amapá e a cidade de Amapá, onde seu pai, Francisco Cabral da Veiga Cabral, o Cabralzinho, liderou a reação dos brasileiros contra a pretensão dos franceses em  se apoderar da região situada entre a margem esquerda do rio Araguary e a margem direita do rio Oiapoque. Altamira Veiga Cabral era a terceira filha do casal Francisco Xavier da Veiga Cabral e Altamira Waldomira Vinagre da Veiga Cabral. Seu avô Pedro Augusto de Oliveira Vinagre descendia do tenente da Guarda Nacional Francisco Pedro Vinagre, o 2º Presidente Cabano do Pará. Altamira Cândida já estava viúva do jurista e homem público do Pará, depurado estadual na década de 1920 e ex-prefeito de Belém na década de 1930, Dr. Alcindo Comba do Amaral Cacela, quando veio ao Amapá. Dentre as três filhas de Cabralzinho foi a que conviveu por mais tempo com o herói do Amapá. Sabia detalhes históricos da refrega entre brasileiros e franceses que o próprio pai lhe contou.  Muitos destes detalhes foram repassados aos estudantes de Belém que a procuravam frequentemente à cata de subsidiuos para a realização de trabalhos escolares. Ela acatou o convite do governo amapaense porque desejava conhecer a antiga vila do Espírito Santo do Rio Amapá Pequeno, local onde seu pai, a 15.05.1895, se notabilizou impedindo que os franceses  fossem bem sucedidos na operação bélica concebida pelas autoridades da Guiana Francesa. A ilustre visitante chegou a Macapá no dia 19 de julho de 1950, viajando em avião do Correio Aéreo Nacional-CAN, sendo festivamente recepcionada pelas autoridades, estudantes e populares.

                        Às 17 horas do mesmo dia, a senhora Alcindo Cacela, participou de uma solenidade realizada no Cine-Teatro Territorial, oportunidade em que entregou ao governador Janary Nunes a farda de General Honorário do Exército Brasileiro que Cabralzinho usava nas solenidades cívicas, espada, cinto e insígnias. Também passou às mãos do governador Janary Nunes uma bandeira brasileira e uma francesa, ambas rasgadas, bandeira do Estado do Pará e do Triunvirato do Território Amapaense. Compareceu à solenidade o senhor Bernardo Batista da Silva, então com 63 anos de idade, mas que, segundo Otávio Meira, autor de “Fronteira Sangrentas”, tinha 8 anos em 1895. Ele residia na vila de Amapá na época do combate entre brasileiros e franceses e recebeu grave ferimento no punho esquerdo, provocado por um tiro desferido pelos invasores. Bernardo Batista da Silva morava em Macapá, mantendo-se na capital do Território Federal do Amapá até o dia 7 de dezembro de 1979, quando faleceu com 99 anos. Até o dia 21 de julho de 1950, a senhora Altamira da Veiga Cabral ficou em Macapá como hóspede do governo territorial, alojada no Macapá Hotel. Dia 21, pela manhã, a ilustre visitante embarcou no avião do Correio ereo Nacional, cedido pela Força Aérea Brasileira e seguiu para o Município de Amapá, desembarcando na pista da Base Aérea. Na cidade de Amapá ela foi saudada pelo Dr. José da Silva Castanheira, Juiz de Direito da Comarca local e pelo Prefeito Vitorino Luna. Algumas pessoas remanescentes do "Exército Defensor do Amapá", que participaram do ato de reação contra os franceses mantiveram demorada conversa com dona Altamira. No dia 22 de julho, a bordo do avião do CAN, Dona Altamira Cabral Cacela foi conhecer a pequena cidade de Oiapoque, na fronteira do Brasil com a Guiana Francesa. No aeroporto da Força Aérea Brasileira ela recebeu homenagens das autoridades e do povo.



Na sede do antigo povoado de Espirito Santo do Rio Oiapoque Antamira Cabral conheceu outro cidadão que lutou ao lado de seu pai: Guilherme da Luz, cidadão colored que então contava 79 anos de vida. Ele estimava ter nascido na Região do Contestado por volta do ano de 1877. Residiu na cidade Oiapoque até falecer com 97 anos. de idade. Quando o avião retornou de Caiene e pousou em Oiapoque, Dona Altamira Cândida da Veiga Cabral Cacela nele embarcou e voltou para Belém.
Francisco Xavier da Veiga Cabral, o Cabralzinho. Pintura a bico de lápis feita por Aluisio Carvão, um dos irmãos da Sra. Iracema Carvão Nunes, primeira esposa do Governaor Janary Gentil Nunes.Copiada do livro "Informações Sobre a História do Amapá, de autoria do Prof. Estácio Vidal Picanço.

                        Os objetos que a senhora Altamira entregou ao governo do Amapá foram repassados ao Museu Territorial instalado no interior da Fortaleza de São José. A bandeira do Triunvirato correspondia a um retângulo dividido em três faixas horizontais de igual dimensão, nas cores vermelho branco e vermelho. A bandeira francesa é butim de guerra e foi tomada do soldado Etyenne depois que Cabralzinho o feriu com um tiro no rosto.
                               O uniforme de General Honorário foi vestido em um manequim cujo rosto tinha as feições de Cabralzinho. Nele estavam colocadas as insígnias do herói. A espada de Cabralzinho também estava colocada no manequim. A farda que Cabralzinho usava nas solenidades cívicas lhe foi concedida pelo Exército Brasileiro no Rio de Janeiro, dia 11 de junho de 1896.       

                               

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