ARISTIDES PIRÓVANO, 1º BISPO DE MACAPÁ
Nilson Montoril
Dia
27 de maio de 1956, em clima de muita festa, a grande família católica da
cidade de Macapá presenciou a posse de Dom Aristides Piróvano como Bispo
Prelado. A cerimônia foi realizada na igreja matriz de São José, que se
apresentava ornada de flores e repleta de fieis. Até a data em referência, Dom
Aristides atuava como Administrador Apostólico do Pontifício Instituto das
Missões Estrangeiras-PIME, no Amapá e coordenou com invulgar denodo a
implantação do trabalho missionário da aludida sociedade italiana em nossa
terra. As paróquias então existentes no Território Federal do Amapá até esta
data integraram a Prelazia de Santarém. Aristides Piróvano chegou a Macapá no
dia 29 de maio de 1948, revestido da função de Superior local dos Padres do
PIME. Desembarcou no aeroporto da Panair do Brasil acompanhando o padre
Arcângelo Cérqua e Dom Anselmo Pietrula, Bispo Prelado de Santarém. Os ilustres
religiosos foram hóspedes do Governador do Território, Capitão Janary Gentil
Nunes e ficaram alojados na residência governamental. Encontravam-se em Macapá,
prestes a deixar a cidade, os padres Antônio Schulte e João Lentnerz da
Congregação da Sagrada Família.
A instituição religiosa a qual pertenceu o
Padre Júlio Maria Lombaerd estava se retirando do Amapá devido à falta de
membros disponíveis para substituí-los. Na manhã do dia 30 de maio, Dom Anselmo
Pietrula celebrou a Santa Missa na Igreja de São José, coadjuvado pelo Padre
Arcângelo Cérqua e acompanhado pelo coro das professoras. Depois da leitura do
Evangelho falou o Bispo Prelado de Santarém, que agradeceu a dedicação dos
sacerdotes da Sagrada Família e deu posse no cargo de Vigário de Macapá ao
Padre Arcângelo. Entre as autoridades presentes destacavam-se o governador
Janary Nunes, o Prefeito Cláudio Carvalho do Nascimento, diretores de
repartições públicas, membros do Judiciário. Aristides Piróvano nasceu em Erba,
Província de Como e Arquidiocese de Milão, no dia 22 de fevereiro de 1915. Foi
ordenado padre a 20 de dezembro de 1941. No decorrer da II Guerra Mundial integrou
o grupo “partigrami” que se dedicava a salvar vidas e ajudar os injustiçados.
Graças a sua coragem evitou que um grupo de revolucionários fosse fuzilado
pelos nazistas. Sua nomeação para o cargo de Bispo Prelado de Macapá saiu no
dia 21 de julho de 1955, mas a posse só aconteceu a 27 de maio de 1956. A Prelazia de Macapá
foi criada no dia 1º de fevereiro de 1949, mas a comunicação desse feito só
chegou ao conhecimento do Padre Aristides no dia 12, através de telegrama
passado de Belém por Dom Mário Miranda Villas Boas. No dia 13, que caiu num
domingo, Dom Aristides celebrou Missa e comunicou ao povo católico o grande
acontecimento.
Ao meio dia os sinos da Igreja de São José repicaram
demoradamente e os seculares canhões da Fortaleza voltaram a troar, da mesma
forma como faziam por ocasião da passagem de importantes festas cívicas e de
devoção. Ao ser criada, a Prelazia de Macapá tinha quatro Paróquias
canonicamente constituídas: São José, na cidade de Macapá;Nossa Senhora da
Assunção, em Mazagão Velho, Divino Espírito Santo, na cidade de Amapá e Nossa
Senhora da Conceição, na Vila e Ilha do Bailique.Quanto a religiosos havia 13
padres e um irmão leigo. Na fase Prelazia de Macapá tivemos os Bispos Aristides
Piróvano e José Maritano.
Dom Luiz Soares Vieira recebeu a Diocese de Macapá das mãos do Arcebispo de Belém, Dom Vicente Zico. Atualmente ele se encontra ocupando o importante cargo de Arcebispo de Manaus. |
A Diocese de Macapá data de 30 de outubro de 1980,
criada pelo Papa João Paulo II. Nessa fase contamos com os Bispos José
Maritano, que renunciou e foi substituído provisoriamente por Vicente Joaquim Zico,
Luiz Soares Vieira, atualmente Arcebispo de Manaus, João Rizzati, falecido na
Itália e Carlos Verzelete, que o substituiu até a chegada do atual Bispo
Diocesano Dom Pedro José Conti. Dom Aristides Piróvano ainda foi eleito Superior
Geral do PIME, fato que o levou a renunciar o cargo de Bispo Prelado de Macapá
a 27 de março de 1965. Também atuou com Capelão Auxiliar na Colônia de
Hansenianos de Marituba a partir de 1978.
Dom João Risatti falando aos comunicadores do Amapá durante um encontro promovido pela Pastoral da Comunicação da Diocese de Macapá. Foto rara extraída de um jornal. |
Dom Aristides Piróvano foi exemplar na realização de seu meritório trabalho à frente da Igreja Católica no Território Federal do Amapá. Sempre agiu com firmeza e sua liderança nunca foi contestada. Quando ele chegou a Macapá havia apenas a Paróquia de São José e os bairros do Laguinho, Trem, Favela e Perpétuo Socorro estavam sendo instalados. Os padres do PIME que atuavam em Macapá usavam bicicletas trazidas da Itália. Os sacerdotes que trabalhavam nas demais sedes municipais e distritos interioranos se valiam de motocicletas. Posteriormente a Prelazia de Macapá passou a contar com a utilização de um caminhão Mercedes Benz e outras viaturas menores.
Apreciador dos esportes, principalmente do futebol, Dom Aristides Piróvano deu total apoio as atividades dos Oratórios que foram implantados nas paróquias do Amapá, notadamente nas Paróquias de São José, onde surgiu o Juventus Esporte Clube e Nossa Senhora da Conceição, berço do Ypiranga Clube. Em 1949, o Pontificio Instituto das Missões Estrangeiras-PIME, assumiu os destinos da Igreja Católica no Amapá. No dia 29 haviam chegado a Macapá os Padres Aristides e Arcângelo Cerqua. Dia 15 de junho desembarcavam no aeroporto da Panair do Brasil, como passageiros do Correio Aéreo Nacional-CAN, os sacerdotes Vitório Galliani e Ângelo Bubani. Dia 25 de junho, a bordo da Lancha Amapá cegavam os padres Lino Simonelli,Jorge Basile, Luiz Viganó, Carlos Bassanini e Mário Limonta. Dia 15 de dezembro, em avião do CAN, chegam os padres Simão Corridori e Ângelo Negri. Dia 18 de dezembro desembarcam em Macapá os padres Antônio Cocco e Pedro Locati. O irmão leigo Francisco Mazollene havia chegado dia 17 de julho de 1949.
Dom Pedro José Conti é o atual Bispo Diocesano de Macapá |
A dedicação de Aristides Piróvano só não foi maior devido a alguns problemas de saúde que o fustigavam, principalmente nos rins. Aliás, quem via a compleição física de Aristides Piróvano o julgava incapaz de levar a contento seu mister. Entretanto, a despeito de alguns contratempos nosso primeiro bispo demonstrava possuir uma capacidade enorme para superá-los.
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