quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

JANARY NUNES E A REVOLUÇÃO DE 1964





JANARY NUNES E A REVOLUÇÃO DE 1964

 Por Nilson Montoril

O Deputado Janary Gentil Nunes sendo recebido no Aeroporto de Macapá pelo jornalista Haroldo Pantoja Franco.O parlamentar estava cumprindo seu segundo mandato(1967 a 1970), mas já não possuia a mesma força política dos velhos tempos em que exerceu o carego de governador do Territóprio Federal do Amapá.


                        Eleito deputado federal em outubro de 1962, mas ainda sem tomar posse, o coronel Janary Gentil Nunes convenceu o presidente João Belchior Marques Goulart a nomear o coronel Terêncio Furtado de Mendonça Porto para governar o Amapá. Obteve a nomeação manifestando publicamente sua solidariedade ao mandatário do Brasil, que estava necessitando de apoio parlamentar para permanecer na presidência. Quando eclodiu a revolução de 1964, o panorama político se apresentou turbulento para o primeiro governador do Território do Amapá. No dia 2 de abril de mesmo ano, o comando da revolução militar extinguiu o mandato de Jango e constituiu uma Junta Militar para substituí-lo. Dia 9 de abril a Junta Militar baixou o Ato Institucional nº 1, cassando os direitos políticos de 102 cidadãos tidos como nocivos à nação brasileira. Dia 10 de abril foi publicada a lista dos cassados, havendo entre eles 41 deputados federais. Ainda no dia 10, sob forte impacto emocional, Janary Nunes decidiu que iria requerer licença para tratamento de saúde, abrindo espaço para que seu suplente Dário Cordeiro de Lima o substituísse na Câmara Federal. Ciente de que os militares articulavam a candidatura do general Humberto de Alencar Castelo Branco, Janary Nunes, que também integrava a reserva do Exército Brasileiro, prestou solidariedade ao movimento e prometeu referendar a indicação na condição de parlamentar. De fato, no dia 11 de abril de 1964, em sessão realizada no Congresso Nacional, Castelo Branco, já ocupando o posto de marechal e na reserva, foi eleito presidente do Brasil. Votaram a seu favor 361 parlamentares, registrando-se 72 abstenções.
Foto tirada no momento em que o coronel Terêncio Furtado de Mendonça Porto e o deputado eleito Janary Nunes deixavam o avião dos Serviços Aéreos Cruzeiro do Sul, no aeroporto de Macapá, em dezembro de 1962.Terêncio Porto havia sido nomeado governador do Território do Amapá e vinha substituir Raul Montero Valdez, indicado pelo então deputado Amilcar Pereira.

 A posse do marechal Castelo Branco ocorreu no dia l5 de abril de 1964, às 15 horas, no Congresso Nacional, ocasião em que o senhor Ranieri Mazzili, que ocupava interinamente o cargo de presidente da República, lhe transmitiu o comando da nação. Na tarde do mesmo dia, em Macapá, houve uma concentração popular na Praça Barão do Rio Branco para um ato litúrgico e apoio a Castelo Branco. Abrindo a programação a Banda de Música da Guarda Territorial executou o Hino Nacional, seguindo-se a celebração de missa pelo bispo Dom Aristides Piróvano. Após a missa teve inicio o ato político. O tenente José Alves Pessoa pelo Circulo Militar, Dr. Dalton Lima no exercício do cargo de deputado federal e o governador Terêncio Porto fizeram uso da palavra. A concentração foi intitulada como “Marcha da Família Com Deus Pela Liberdade”, mesmo titulo do ato público articulado pelo deputado Cunha Bueno e pelo Padre irlandês Patrick Peyton, realizado em São Paulo, no dia 19 de março de 1964, que reuniu cerca de 400 mil pessoas. Ainda licenciado da Câmara Federal, mas livre de ter seu mandato cassado, Janary Nunes se limitou a acompanhar o desenrolar dos acontecimentos, inclusive a exoneração do governador Terêncio Porto e a nomeação do general Luiz Mendes da Silva para o governo do Amapá. Serenados os ânimos, Janary reassumiu sua titularidade na Câmara Federal, mas já não possuía a mesma força política de outros tempos. Rejeitado por antigos correligionários e hostilizado pelo eleitorado jovem, notadamente pelos estudantes, Janary Nunes ainda venceria a eleição realizada em 1966, mas seria suplantado por Antônio Cordeiro Pontes em 1970.
O presidente da República, Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, à esquerda de quem vê a fotografia, ouve o governador do Amapá, general Luiz Mendes da Silva em solenidade realizada nas instalações da ICOMI, a 1º de setembro de 1966.À esquerda de Luiz Mendes estava o Dr. João Cardoso.

                        Sua ausência do Amapá depois que deixou o governo a 2 de fevereiro de 1956, para assumir a presidência da Petrobrás e depois ao cargo de Ministro Plenipotenciário do Brasil na Turquia foi fundamental para que seu prestigio declinasse. Velhos aliados políticos dos tempos áureos do Partido Social Democrático-PSD filiaram-se a outras associações, principalmente ao Partido Trabalhista Brasileiro-PTB. Em 1966, ele precisou valer-se da sublegenda ARENA 2 para permanecer no cargo de deputado federal. Neste pleito Janary Nunes venceu a chapa constituída por Alfredo Oliveira e João Lourenço da Silva detentora da sublegenda ARENA 1. A partir da posse do general Ivanhoé Gonçalves Martins no cargo de governador do Território Federal do Amapá, ocorrida no dia 20 de abril de 1967, o deputado Janary Nunes perdeu definitivamente sua influência no governo, fato que o levou a também perder eleitores. Tentou criar embaraços ao general Ivanhoé e só não perdeu o cargo de parlamentar porque mudou o rumo de sua conduta. Derrotado em 1970, afastou-se do Amapá, mas jamais o esqueceu. Queiram ou não seus adversários políticos, que no inicio eram seus amigos, Janary Gentil Nunes foi o transformador de uma região desprovida de atendimento governamental, lançando as bases que permitiram a evolução da unidade federada à condição de estado.

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